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cronicas-->A dura prova da ditadura -- 02/04/2003 - 09:30 (Leonardo de Oliveira Teixeira) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
Pub. em 18/02/03 no Jornal O Popular

A dura prova da ditadura

Leonardo Teixeira

Em 1964, a rotina de inúmeros brasileiros foi mudada repentinamente. O golpe militar impós uma postura rígida, os cidadãos tornaram-se suspeitos e os direitos foram substituídos por deveres.
Os ociosos frequentadores das praças tiveram de obedecer ao toque de recolher. Um cheiro de opressão era percebido por moradores curiosos que expunham as cabeças sobre o muro, numa fração de segundo, ou espiavam pelas frestas das janelas. E a qualquer momento, um coturno invadia as casas residenciais com um chute que arrombava qualquer porta.
Vóos rasantes ameaçadores de aviões militares, chuvas de recrutas pára-quedistas, metralhando palavras de ordem, envoltos num nacionalismo fardado em verde-oliva, eram imagens constantes.
As repartições públicas e diversas instituições foram invadidas permanentemente, sob a supervisão de graduados do exército. Até as escolas eram inspecionadas. Se alguém elogiasse a saúde dos cubanos, era taxado de comunista subversivo, e seria exilado, caso a lavagem cerebral não resolvesse. Se três pessoas conversassem entre si, logo alguns soldados mandavam "dispersar", por ser considerada uma reunião suspeita.
Contam que, no início da primavera de 64, dois jovens de 26 anos, que faziam a limpeza no "quartel central de Goiás", retiraram do refrigerador do major, um pote de sorvete e uma das melancias, impelidos pela fome. No meio da refeição, um militar os descobriu dentro do armário de limpeza, entre rodos, vassouras e outros produtos.
Foi feito um desfile no local, onde os dois funcionários marchavam algemados pela cidade, com capacetes de melancia, enquanto o caldo vermelho escorria nas faces (em detalhe). Chegando no quartel, a punição mais tranquila foi a de ficarem pendurados no caibro do salão por dois dias, tal como morcegos.
O major, antes de liberá-los, impós um teste: "Há duas tarefas que vou decidir no cara-e-coroa. A primeira é ficar 10 horas com o joelho sobre os grãos de milho. A segunda é tomar 10 litros de sorvete em menos de 2 horas. Cada um dos meliantes ficará com um teste. Cumprindo a tarefa, irão para casa; caso contrário, há outros experimentos a serem realizados".
As duas cabeças balançaram, afirmando o compromisso. A moeda foi lançada. O que saiu com o teste do sorvete deu graças a Deus por ter sido beneficiado com a "gostosura da prova", rindo em silêncio do infortúnio do companheiro. Porém, teve um desgosto imenso, e se arrepende amargamente, pelos dois meses ininterruptos da "maior dor de barriga de todos os tempos".
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