Jâmbico (*)
"Una-se todo, em traçoeira liga,
Contra mim só, o mundo miserável.
Alimente por mim ódio estranhável
O coração da terra que me abriga."
(Junqueira Freire)
Escancarem as presas, malditos
Monstros. Mostrem as garras sangrentas
Dessas patas cruéis. Novecentas
Mil pessoas escutam seus gritos.
Hostilizem-me e podres detritos
Arremessem com fúria. Quinhentas
Toneladas de fezes nojentas
Esparramem perveros e aflitos.
Bramem. Urrem. Protestem com brados
Irascíveis em cólera infrene.
Lancem fogo por todos os lados.
Que essa grande ira não me envenene,
Atinja e deixe todos, pasmados,
Sem falar, em silêncio perene!
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(*) "VIII Antologia de Poetas e Escritores do Brasil", volume XXI, 1ª edição, Brasília, Grupo Brasília de Comunicação, 1993, página 21.
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