Usina de Letras
Usina de Letras
133 usuários online

Autor Titulo Nos textos

 

Artigos ( 62163 )

Cartas ( 21334)

Contos (13260)

Cordel (10449)

Cronicas (22530)

Discursos (3238)

Ensaios - (10348)

Erótico (13567)

Frases (50573)

Humor (20027)

Infantil (5423)

Infanto Juvenil (4753)

Letras de Música (5465)

Peça de Teatro (1376)

Poesias (140791)

Redação (3302)

Roteiro de Filme ou Novela (1062)

Teses / Monologos (2435)

Textos Jurídicos (1959)

Textos Religiosos/Sermões (6182)

LEGENDAS

( * )- Texto com Registro de Direito Autoral )

( ! )- Texto com Comentários

 

Nota Legal

Fale Conosco

 



Aguarde carregando ...
Artigos-->Por que temos que ser maus? -- 08/07/2002 - 22:34 (Francisco Miguel de Moura) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
POR QUE TEMOS QUE SER MAUS?



Francisco Miguel de Moura

Escritor



Comenta o historiador Luiz Felipe de Alencastro, da revista “Veja”, uma coisa para a qual eu ainda não tinha atentado: – que, na antiguidade, o poder de Roma conhecia limites, pois existiam outras duas potências: o Império Persa e a China. Assim, também, no século XIX, a supremacia do Império Britânico teve por contrapeso a França e a Rússia. De Roma, eu achava que o único poder a enfrentá-la fora Cartago. Uma vez destruída, Roma ficara soberana até a queda. Quero dizer, então, que sempre haverá opositores. E esses opositores serão chamados de maus pelos donos do poder mais forte.

Agora, os Estados Unidos, com bases militares encravadas em 40 países, desfrutam de uma influência econômica e política sem paralelo. Pois, o que mais existe? Existe o terrorismo mundializado (acobertado por países islâmicos, segundo os Estados Unidos), mas que não reconhece território, está em todo lugar, durante 24 horas por dia.

No passado recente, Washington apoiou ditaduras no continente americano, especialmente no Brasil, a última foi a de 64, da qual nos livramos há pouco tempo, e os opositores dos militares ditadores eram “maus”, “demônios”, “comunistas”. Referindo-se naturalmente a isto, a embaixadora do Estados Unidos, assumiu suas funções recentemente já declarando que “em particular, neste hemisfério, tenho orgulho de que os Estados Unidos hoje defendam a democracia”, pois “nosso histórico em relação a isso, nem sempre foi admirável.” Estava sendo sincera com relação ao dado objetivo. Entretanto, sobre as boas intenções de um poder hegemônico como o dos Estados Unidos de hoje é que não temos certeza. Por isto nós não nos orgulhamos deles. Quem não sabe que o poder tem garras que furam, sangram? O poder vive do sangue alheio. Não merece a confiança do povo, salvo raras exceções, especialmente o poder absoluto ou hegemônico.

Somos um país de imigrantes de todos os continentes, também do continente asiático. Do oriente Médio. Dos países do Islã. Não queremos inimizade com eles. Ao contrário, temos tudo para que as boas relações continuem. Aqui convivem palestinos e israelenses em boa paz, como outros grupos que na sua origem não se dão.

Que fazer, então? Apoiar os Estados Unidos em todas as suas políticas, mesmo quando são contrárias à nossa índole, ao nosso interesse? Ou continuar mostrando nossa independência, usando nossas armas de convencimento para endurecer quando se tratar da política econômico-financeira, buscando outros caminhos, outras variantes que devem existir? Por que cada governante do Brasil depois de eleito, mesmo antes de empossar-se, tem que ir ajoelhar-se perante o capitalismo americano, bancando um “molenga” , um “cupincha”, um político descaracterizado?

Quando o próximo presidente ganhar a parada dessas eleições, seja Lula, Ciro ou Serra, será que vai ter que percorrer o mesmo caminho? Será que vai beijar os pés dos banqueiros americanos como Sarney, Color e o Fernando Henrique? Ou vamos ter o primeiro governo do Brasil independente?

O momento é diferente, e esse “sisteminha” que está aí não tem a menor chance de levar avante o projeto do Brasil que o povo quer: um Brasil para os brasileiros, melhor distribuição de renda, mais empregos, educação, saúde, segurança, cidadania, terra para trabalhar, casa para morar... E menos corrupção.

Votando melhor, temos que ser maus: – Romper contratos tacitamente, isto é, não atender à grita da imprensa conservadora, às vozes dos banqueiros e à balela de que poderemos ser a Argentina de amanhã. Já somos, em boa parte, a Colômbia de hoje. Precisamos é sair desta, com firmeza: “endurecer pero sin perder la ternura jamais”.

_____________

*Francisco Miguel de Moura é escritor, da Academia Piauiense de Letras e do Conselho Estadual de Cultura. Presidente do PAN-PI e candidato a Suplente de Senador.

Comentarios
O que você achou deste texto?     Nome:     Mail:    
Comente: 
Renove sua assinatura para ver os contadores de acesso - Clique Aqui