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Humor-->O Que Fizeram Com o Brasil? -- 10/03/2003 - 21:47 (Domingos Oliveira Medeiros) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
Que Brasil é Este?
(por Domingos Oliveira Medeiros)


Brasil, terra amada, Brasil. Não estou lhe reconhecendo. Que fizeram com você? E o que pretendem fazer? Não consigo mais lhe ver. Seu retrato, na minha memória, é bem diferente de agora. Você mudou bastante. Ou melhor, mudaram o seu rosto. Transfiguraram-no, se é que me permite a expressão. A sua cara está diferente. Você envelheceu. Está irreconhecível. Você está sujo, mal vestido. Vestes rasgadas. Parece um mendigo. Sem emprego. Sem direito à uma aposentadoria. Mas mesmo que fosse aposentado daria no mesmo. Andaria maltrapilho. E perseguido. Pela culpa de gozar de seu direito. Direito não reconhecido. Como direito adquirido. Da aposentadoria. Que lhe custou anos de vida. Seus cabelos eram negros. Fartos. Agora, embranquecidos. Cobrem-lhe as orelhas. Estão a lhe trazer preocupações. A mesma conversa de sempre. A tal da reforma da Previdência. Que não se cansa de apresentar déficit. Por culpa sua, fique sabendo. A imprensa não mente. Toda ela está dizendo.

Olhando para este álbum de fotos, não me conformo. Você era bom de bola. Reconhecido no mundo inteiro. O país do futebol. Grandes jogadas. Futebol alegre. Entortando estrangeiros. Hoje, a decepção. Torcidas brigando com torcidas. Matam-se pessoas nos campos de futebol. Jogadores dançam de um lado para outro. Trocam de time como quem troca de camisa. Literalmente. Já não sei por qual time eu torço. Se o Flamengo, do Romário. Se o Vasco ou Fluminense, dele também. Perdeu a graça. O econômico driblou o espetáculo, a garra e o jeito alegre de jogar. Nesses dias apareceu um time parecido com vocÊ. O chamado azulão. Mas, tal como a ararinha azul, já está em fase de extinção. Fazer o quê? E no Congresso mais uma decepção.O time dos cartolas entrou em campo. E fez as piores jogadas. E ninguém foi expulso de campo.

Não se fala mais nas suas qualidades. No seu imenso e bonito litoral. Oito milhões e quinhentos mil quilômetros quadrados; de lindas praias e coqueirais; de linda mulheres e animais. Peixes de várias espécies. Um idioma. Com variantes de sotaques. Nada que se compare a uma torre de Babel. Todos nos entendemos muito bem. Fauna e Flora invejáveis. Riquezas minerais. Biodiversidade. Amazônia. Pantanal. Cachoeiras e rios. Caudalosos e fartos.

Hoje só se fala em economia. Índices Dow John e Nasdak. Risco-Brasil. FMI. Dívida. Déficit. Cotação do dólar. Pagamento de juros. Variação cambial. Bolsa de Valores. Pagamento de juros. Desemprego. Inflação. Banco Central. Autonomia de operação. Desemprego. Aumento de preços. Privatização. Apagão. Demissão. Terceirização. Economia e Administração. Não tem perdão. O ataque é iminente. Da inflação e do Iraque. Tudo por dinheiro. Diz a televisão. O Brasil virou um pedaço de papel. Um enorme volante de loteria. Um objeto de apostas. Todos querem lucrar com o Brasil. O povo não entra nesse jogo. Só na hora de legitimá-lo. Escolhe os jogadores e fica de longe assistindo o saque.

O Brasil virou um menino de recado. Todos dizem o que ele deve fazer. E como fazer. Se fizer o dever de casa direitinho, ganha mais uns trocados. Caso contrário, o cinturão aperta de novo. Mais sofrimento. E o menino passa a ser menino de rua. Drogado e desmotivado. Desempregado, é logo assediado pelo crime organizado. Menor não vai para a cadeia. Nem quando comete crime hediondo. De gente grande.

A pátria foi colocada de lado. Perdemos o orgulho. A auto-estima. O respeito e a dignidade. Ninguém mais faz nada pelo seu povo. Um estranho no ninho. Privatizaram tudo. Terceirizaram os empregos no serviço público. E ainda querem privatizar mais. O Estado saindo de cena. Abrindo espaço para o crime organizado. No Rio de Janeiro a coisa anda bem adiantada. Nem as Forças Armadas dão conta do recado. Cadê o Estado? Está em estado de putrefação. Juventude carente. Sem chance.

Na política, sobram maus exemplos. Eles se dão aumento e mais aumentos. Virou um negócio da China. Todos se locupletam. Ninguém é de ninguém. A corrupção venceu o medo. Estados e Municípios sem dinheiro para investimentos. A Reforma Tributária parece que vai ficar para outra ocasião. A ocasião faz o ladrão. Ninguém quer perder um tostão. E a Reforma Política, bem, essa fica para as próximas eleições. Se houver. Pois do jeito que andam as coisas, talvez aprovem a segunda reeleição de todos. A família desestruturada. A mídia, em grande parte, comprometida.

De que adianta a democracia neste estado? A nossa plantinha tenra está morrendo por falta de água. Água benta, inclusive. Não se tem segurança. Não se tem liberdade. Não se tem nada. O que ainda é alguma coisa. O Estado, daqui a pouco, será todo privatizado. O Congresso talvez vire uma ONG. E todos seremos escravizados. Duas certezas nós temos: Não sabemos para onde vamos, mas sabemos que continuamos a ser o país do futuro.

Domingos Oliveira Medeiros
10 de março de 2003




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