MOMENTO SUPREMO
Tento, eu-mulher, descrever o que julgo impossível.
Quando meu gozo dispara apontando para o orgasmo, meu corpo – dos pés à cabeça, das vísceras à pele – se transforma numa espécie de praça de guerra: a revolução se instala. Cada milímetro de meu corpo se compromete numa paixão inconseqüente e irracional que me aliena e me liberta ao mesmo tempo. E não existe mais a decisão consciente do que falar ou fazer. O prazer chega a doer e só resta o gemer, o grito gutural dos espasmos, entre o querer mais, a ânsia de prosseguir, e o desejo da realização final. E, no auge, a sensação terrívelmente deliciosa de morte, resultando no orgasmo que é VIDA. Vida cada vez mais que nunca...
E eu, esvaída mas forte, sorrio pra você, plena, feliz e me sentindo eterna. E me aninho em seus braços que são meus... E sinto sua vida, viva e vibrante, dentro de mim!
E eu queria, por um dia, ser homem, para saber exatamente o que e como você sente nosso momento supremo em seu interior, desde quando nasce o desejo até o instante de se derramar dentro de meu corpo.
Seria a glória, e a unicidade tão perfeita, que não haveria mais nem eu nem você...
|