Se por amor se sofre, muita vez,
Também por ele se nos alegra a vida,
Não se havendo, pois, que do amor,
Passar ao largo, sob o argumento
De proteger o coração do sofrimento.
É qual não cultivar a perfumada rosa,
A se pôr ao abrigo do espinho,
Buscando, em tudo, o estar seguro,
Ouvir sempre a voz sábia da razão,
Esquivando-se ao assédio da paixão.
E me pergunto, minha amada musa,
Quando em meus pensamentos absorto:
Se acaso me não fora dado amar-te,
O que seria feito deste teu poeta,
Sem ter, do teu amor, a alma repleta?
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