A escada
Ácido e venenoso, bebi o último gole de realismo...
Eliminando os resquícios lunares, os fragmentos oníricos
Eu refiz a vida, parei de ignorar o óbvio, criei uma rotina:
A rotina de sempre ir mais longe, ir além...A rotina de por
O sangue nos campos e ideais, de travar batalhas,
Incessantemente, com aliados e inimigos...sim, o mundo cruel
Faz vítimas, mas eu sou o algoz, a pena não me oferece medo.
Atrás de minhas ilusões nefandas, escondo-me
E crio uma série de mitos e histórias...Permito a mim
A chance de ser grande, de ser intenso... ‘não sou vítima do mundo’,
Eu faço o mundo a cada dia...sim, quanta pretensão,
Isso que a vida exige.
Sem bandeiras, sim, abrirei trilhas,
Nas madrugadas de inverno, tocarei canções de filmes-b
Porque às vezes eu sou o vampiro, às vezes a carta omitida
O ponto necessário da vitória, outras vezes, sou apenas
Um suplemento descartável de fazer domingos choverem.
Sem memória eu arrasto a chave, por onde for preciso...
Carrego comigo a esperança caústica de fazer meus prédios e abrigos.
Tomarei palácios, talvez farei a miséria dos povos,
Mas eu sei que isto é pura pretensão. Eu sou incoerente,
Por isso afirmo a inexorável necessidade de ser idealista.
Nos círculos celestes, nas altas inspirações
Sempre estarei a tocar os acordes que precedem
Momentos fundamentais e críticos. Cada dia,
Eliminar a necessidade do medo, e mesmo ignorar
Fortes golpes...a cada dia, eu me fortifico,
Carrego pedras,
Eu levo facadas nas costelas,
Tento tirar a ‘nona sinfonia’,
A cada minuto fatal, final,
Carregarei meus fardos e o mundo,
Deixarei a memória de lado- Simplesmente,
Deitar-me embaixo das árvores,
E sorrir placidamente. De olhos fechados,
Visualizar o mundo, e sentir que todo
Momento é necessário por si.
Ás vezes é o tempo, às vezes a rotina
Mas sinto, sinto mesmo o fato de nunca
Ter abandonado minha muralha de convicções
(Eder Luis Tomokazu Kamitani) |
