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Artigos-->Saber é Poder -- 30/11/2000 - 10:52 (Ana / @then@) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
Estamos vivendo épocas difíceis de consciência humana onde muitas pessoas, dentre elas a maioria jovens e adolescentes, ainda não despertaram para a importante tarefa de serem bons leitores e da relação disto com o poder.

Prova disso são os resultados das inúmeras avaliações a que o governo vem submetendo as escolas públicas, desde o ensino fundamental até as de nível superior, mostrando o quanto tem ficado a desejar o ensino em diversos estados, inclusive com índices que nos apontam uma certa queda em sua qualidade, como relata matéria da Folha de São Paulo, de 22/11/00, (...) “O resultado do SAEB (Sistema Nacional de Avaliação da Educação Básica) vai mostrar que a média obtida pelos alunos, nas provas aplicadas em quase todos os Estados em 1999, foi inferior ou igual à avaliação de 1997, o que demonstra que em algumas unidades da Federação não houve melhoria e que, em outras, houve queda nas médias.” (...)

Talvez um pouco da culpa seja a ênfase exacerbada na avaliação e quantificação de dados que no próprio processo de aquisição e domínio da lecto – escrita.

Alfabetizar é bem mais amplo que uma mera decodificação de símbolos. Envolve consciência, auto – estima, respeito ao indivíduo enquanto sujeito do seu processo de evolução histórica, entre outras inúmeras questões, uma vez que se trata de algo complexo e tão antigo quanto o ser humano, já que isso também se refere a adequação do Homem ao meio em que vive.

Esse processo de elaboração de um sistema que permitisse o Homem não só a registrar suas ações e idéias, como um ser culturalmente construído, é antiqüíssimo.

Na sociedade primitiva temos a arte rupestre como uma das primeiras manifestações de um impulso artístico misterioso do ser humano, colocando assim o desenho com o mesmo grau de importância da escrita.

Se foi pura arte ou magia não podemos afirmar. O que podemos constatar é que algo foi registrado e, de alguma forma, esse registro nos permite fazer análises da sociedade deste período.

Esse ato de "registrar" que o ser humano passa a desenvolver foi se tornando tão complexo quanto o seu processo de desenvolvimento e evolução. A revolução econômica pela qual a sociedade primitiva passou com o surgimento da agricultura, no período neolítico (+/- 10.000 a 5.000 a.C.), fez com que o Homem inaugurasse um novo método de transmitir experiências e novas formas de organizar o pensamento que não fosse pela transmissão oral e ou pelo exemplo dado e, sim, pela escrita, associada esta a uma nova economia que surgia e que pedia novas formas de "registro" . Temos a princípio a escrita pictográfica, que utilizava figuras como caracteres. O próximo passo dado nessa evolução foi a utilização de alguns sinais que significavam mais que uma simples figura, representava agora uma idéia e, de pictográfica passamos à escrita ideográfica, substituída pela escrita convencional quando a complexidade dos sinais criados já não poderia ser mais conhecida sem que o mesmo fosse decifrado, pois transcendiam o significado da imagem ou do objeto desconhecido.

A partir desse momento inicia-se o processo de aprendizagem da leitura e da escrita, tão importante e com destaque que em algumas sociedades foi encontrado mais de um sistema de código, como no Egito que possuía três modalidades: a hieroglífica, a hierática e a demótica, sendo que à hierática somente os sacerdotes tinham acesso, uma vez que se tratava de "altos conhecimentos" e nem todos poderiam ter acesso àquilo que representava o poder desta sociedade.

Em um texto antigo extraído de L’Orient et la Gr1ece, de Mallet e Isaac, encontramos as recomendações de um velho escriba egípcio que descreve as árduas tarefas de algumas profissões e, conclui dizendo: "Só vi violência por toda parte. Contempla os trabalhos manuais e em verdade, nada existe acima das letras. Por isso, consagra teu coração às letras. Ama a literatura, tua mãe. Faze entrar suas belezas, em tua cabeça. Ela é mais importante do que todos os ofícios. Aquele que, desde a infância, se dispõe a tirar proveito dela, será venerado."

Aproximadamente cinco mil anos é o tempo que nos separa deste escriba egípcio e, no entanto, a relação entre saber e poder se mantém, perpetuando assim uma desigualdade entre o pobre letrado e o culturalmente detentor do saber.

Hoje vivemos numa sociedade não mais dividida em castas; a servidão e a escravidão constam como sistemas de produção pertencente ao "passado"; no entanto, continuamos a criar uma legião de excluídos, os analfabetos do esclarecimento, que sem dominar a lecto – escrita, continuam mantendo o status quo saber é poder, poder conhecer, de se inserir no mundo como cidadão que todos têm direito de ser, e não apenas um simples número de dados e estatísticas.

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