O GATO GULOSO
O menino e a menina
Brigaram no fim do estudo,
Ela gritando pra ele:
- Você é feio e narigudo.
Disse ele: - Você vai ver,
Quando entre as pernas nascer
Um gato preto peludo.
Um ano após, a mocinha
No banheiro se assustou,
Quando viu sangue escorrer
E os pentelhinhos notou.
Chorando, apavorada,
Contou à sua mãe amada
E esta lhe explicou:
- Deixe de bobagem, filha!
Você está menstruada,
Isso é coisa de mulher,
Não fique assim assustada.
A calcinha então tirou
E para a filha mostrou
A chana semi-raspada.
A garota, admirada,
Falou para a mãe no ato:
- Vejo que é bem guloso
Esse aí, seu velho gato.
A senhora não se importa
Que ele tenha a boca torta
De tanto que come rato?
TESÃO CAVALAR
Eu tinha quatorze anos
E um amigo de dezoito
Que dizia para mim,
Meio aflito e afoito,
Fitando-me no olhar:
- Já é tempo de molhar
Seu ressequido biscoito.
Vá logo fazer um coito
Nem que seja numa égua,
Procure-a na invernada
Ande até uma légua,
Depois suba num barranco,
Sob o rabo dê lhe um tranco,
Enfie nela a régua.
Sequer eu tive uma trégua,
Tamanha a minha gula,
Botei o mais grosso lápis
Na coisa chamada chula,
Mas meu prazer todo foi-se,
Ao tomar aquele coice
De duas pernas de mula.
O PULO E A CÓPULA
Um cabra que se mudou
Da roça para a cidade,
Na praça, ao escurecer,
Presenciou uma novidade:
Dois bichas, ali na grama,
Rolavam que nem na cama,
Pelados muito à vontade.
Aquele senhor simplório
Ficou escandalizado
E foi à delegacia
Dar queixa ao delegado,
Só que lá não conseguiu
Contar direito o que viu,
Por se achar envergonhado.
Impaciente, o delegado,
A conversa encurtando
Ao caboclo em sua frente
Foi logo assim perguntando:
- Eu posso lhe compreender,
O senhor quer me dizer
Que estavam copulando?
Meio sem jeito, o caboclo
Bem sério pôs-se a dizer:
- O que o doutor me pergunta
Já não sei mais responder,
Pois eu vi os dois farreando,
Mas se estava o cu pulando,
Isso não deu para ver.
NEM TUDO QUE RELUZ É OURO
O sutiã é um par de folhas
Que num belo parreiral
Cobrem dois cachos de uvas
De um sabor sem igual,
Valorizando o pomar
E aquele que o visitar
Fica freguês do quintal.
Quando vejo no varal
Um sutiã dependurado,
Sobretudo se estiver
Com uma calcinha ao lado,
Atrás dum pé de mamona
Eu já vou amar a dona
Que me dá todo agrado.
Pulei num galho errado
Só uma vez e caí:
Ao ver esses apetrechos
Eu logo neles buli,
Apresentou-se a dona
Que era uma bichona
E quis me agarrar ali.
Eu ainda era guri,
Mas aprendi a lição:
Não só o ouro reluz,
Também brilha o tição,
Este queima e faz arder,
Bom mesmo é se precaver
Antes de botar a mão.
Participei dum leilão
E foi triste a sorte minha,
Por bom preço arrematei
Um sutiã e uma calcinha;
Me aprontaram uma dessas,
Soube depois que essas peças
Eram de uma velhinha.
A SORTE DA RAINHA
Numa corte reunidos
Os chefes de principados,
Quando houve uma pausa
Nos discursos inflamados,
Sem querer de modo algum
Soltou a rainha um pum
Na frente dos convidados.
Depressa o bobo da corte,
Falou o que lhe convinha:
- Esse pum que escapou
De nossa nobre rainha
Não foi bem ela quem deu,
Eu assumo que fui eu,
Portanto a culpa é minha.
O PAI MAIS IMPORTANTE
Dois moleques discutiam
Na frente de outros mais
E o motivo da disputa
Era a posição dos pais,
Um era rico e loirinho,
Outro pobre e mulatinho,
Mas na briga eram iguais.
Dizia o rico ao pobre:
- O seu pai não tem valor,
É um simples operário
E o meu é vereador,
Por ser ele o maioral,
Saiu até no jornal
Numa bela foto em cor.
O negrinho, triunfante,
Exibe um jornal na mão
Em que a foto de seu pai
Chama toda a atenção:
- Está pensando o quê?
Acha que é só você
Que é filho de ladrão?
PALAVRA DE DOUTOR
Peço ao prezado leitor:
- Não fique escandalizado
Porque neste mundo-cão
Nem tudo é certo ou errado;
Mentira vira verdade...
De quem tem autoridade
Até um peido é louvado.
Houve um grave acidente
Numa certa rodovia,
Do IML veio um médico*
Ver se alguém sobrevivia;
Corpos inertes no chão...
E o doutor disse, então,
Que nenhum vivo havia.
Nisso um cadáver mexeu-se
E a cabeça levantou,
Dizendo: - Não estou morto
Porque Deus me preservou;
O doutor desconsertado
Viu que havia se enganado,
Mas arrogante gritou:
- Cale a boca você aí,
O médico aqui sou eu,
Se lhe digo que está morto
É porque você morreu;
O que vale é o atestado,
Em que deixo registrado
Que ninguém sobreviveu.
* IML – Instituto Médico Legal
BENEDITO GENEROSO DA COSTA
benegcosta@yahoo.com.br
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