O olho e o olhar
Descolado da retina
Expresso, incontinente
Recorta montes, colinas
Como o novelo de barbante
Que a tecedeira da roca fia.
Deitado o corpo na areia
Sob o fundo de anil a fiar
A lua quase inteira
Tece no olho o olhar.
Se na trama do tecido
Espavorido, o sentido
Da imagem morre um tanto
Esmigalhado o encanto
No olho, nada de olhar, só pranto.
E tecendo em escumilha
A pontos atados, o fio
Borda no próprio tecido
Em esmagado gemido,
O pranto que o olhar no olho viu.
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