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cronicas-->Uma grande ameaça no ar: o homem -- 27/03/2003 - 10:10 (Clodoaldo Turcato) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos



A fome é o grande estimulante para o homem. Escrevo isto com a propriedade de quem já sentiu a danada. Um humano esfomeado se torna altamente perigoso. Em determinadas ocasiões é preferível cruzar um ninho de serpentes que um grupo de famintos. A medida da maldade pode ser tamanha, que seríamos agredidos - despidos no mínimo - correndo o sério risco de sermos estraçalhados e servidos à mesa.
Quem viveu a realidade da fome sabe que a introdução acima não é exagero. Existe no exército um exercício denominado Sobrevivência na Selva, que consiste em colocar soldados em plena mata, sem água e qualquer espécie de alimentação. A média da prova é quatro dias. No final deste período, são soltas algumas galinhas no espaço ocupado pelos homens, que são avisados sobre os novos habitantes. É apavorante o comportamento da tropa: as aves são dilaceradas e degustadas cruas, não se perde nada; uma animalidade apavorante.
Nas regiões frias do Ártico, soldados soviéticos comiam os cadáveres de seus camaradas mortos pela fome e falta de remédios. Estudos recentes revelaram ossadas incompletas nestes locais. O frio as manteve intactas, porém nacos inteiros de carne das coxas faltavam. A forma do corte denunciou uma ação de humana, similar aos açougues, escolhendo-se os locais, para obter-se a carne melhor.
Outro fato conhecido da utilização de carne humana dentre "civilizados", foi quando do naufrágio de um navio africano na costa da Espanha, no final de 2002. Com os dias os víveres acabaram e as doenças derrubaram os mais fracos, que imediatamente foram utilizados como alimento.
Nestes três relatos vimos em que a transformação ocorrida em um homem esfomeado. Minimizando, imaginemos um pai que vislumbra seu filho chorando de fome, somando-se a isso a característica social dele, cercado por prédios sinuosos, restaurantes finos, jogando comida fora e políticos aumentando seus salários todo ano, levando o dinheiro público para o ralo.
Esses apontamentos passam despercebidos dos lideres nacionais, que inventam políticas desastrosas de ação social, sem levar em conta que é preciso conhecer as prioridades e vivênciar à condição dos esfomeados, para depois montar estratégias corretas de combate à mendicància. Do jeito que está é como jogar um grupo de soldados japoneses em plena selva Amazónica para combater o narcotráfico. O resultado será duvidoso, haja visto que os mesmo não foram treinados para tal solo. Vão andar a esmo; vez por outra poderão obter algum êxito, no entanto jamais atingirão o objetivo final. Assim é a política social da América Latina: um tiro no escuro. Prova disso é o aumento da miséria, tanto nas capitais como no interior de todos os países que a compõe.
O Brasil ficou mais pobre na última década, pelas mais variadas causas. Observando mais atentamente, constata-se uma transferência brutal das riquezas para um grupo reduzido de pessoas. O Governo, na tentativa de capitalizar o país, trouxe imoderadamente os estrangeiros, privatizando parte dos serviços públicos, o que obrigou empresas nacionais firmarem consórcios grandiosos para enfrentar a concorrência endinheirada do exterior. Privatizar é uma saída coerente, creio que até o Banco do Brasil e a Petrobrás poderiam ser vendidos à iniciativa privada, ficando a mando do Governo apenas os serviços de saúde, segurança e educação, mas a privatização nos moldes que foi feita tirou qualquer possibilidade de o pobre ter acesso às empresas, distribuindo ao grupo rico, aliado com os estrangeiros ricos, a possibilidade de aquisição das empresas privatizadas.
Outra questão que acentua o nível de pobreza, e que ninguém se preparou, muito menos o Governo, foi o aumento da tecnologia. As máquinas substituem a mão-de-obra humana cada vez mais, gerando desemprego em massa. Na semana passada estive em Goiània e fiquei espantado ao ver que os coletivos da cidade não tinham mais o cobrador. Ao questionar o motorista à respeito, disse-me que o cobrador fora substituído por uma máquina automática, comandada por ele através do painel. Só neste caso, milhares de empregos foram cortados. O século XIX foi extremamente anti-social . O homem concentrou riqueza, tecnologia e conhecimentos; mas esqueceu do preço à pagar por estes avanços. E a conta chegou agora, de formar dura, através da violência descontrolada, causada pela exclusão social. A grande parte dos atos violentos visam a busca de recursos. São assaltos, sequestros, furtos, etc; eliminando estes casos, a violência diminuiria acentuadamente. Os que partem para o crime, em sua maioria, o fazem por falta de uma oportunidade honesta para se manterem com dignidade; o bandido nato é fatia mínima.
Alguns governantes parecem terem entendido a mensagem das ruas e, timidamente, se manifestam em prol de políticas sociais sérias, próximas da realidade. O próprio Presidente implantou o seu Programa de combate à fome; mas ainda estamos longe de um tiro certo.
O atual quadro mundial é preocupante, principalmente com o retrocesso dos Estados Unidos, que elegeram um Presidente problemático, que em tão pouco tempo conseguiu criar duas guerras e tenciona partir para uma terceira. Os milhões gastos nesta empreitadas, aplacariam grande parte da miséria que os norte americanos ajudaram a implantar pelo terceiro mundo.
Quando a fome apertar mais, e isso está próximo, entraremos em pànico e todos buscaremos uma solução rápida para fugir-mos depressa da grande ameaça que nos cercará: o homem
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