Caipira não diz “com a”,
Simplesmente ele diz “ca”,
Mirando firme na cara,
Irritado, ele dispara
Ante algo que o meleste,
“Tô danado, tô ca peste”.
Seu arroz com feijão verde
Ele come “ca” galinha,
Sua festança só presta
Agarrado “ca” gatinha;
Modernismo não o atrai,
Som pop o deixa uma fera,
Nem à força ele vai
Misturado “ca” galera.
Não convidem o caipira
Pra banquete “ca” elite,
Seu jeitão meio arredio
Lhe estraga o apetite;
Seu atrativo, não estranhe,
É a mesa “ca” buchada,
Nada de vir “ca” champanhe,
Melhor será “ca” rabada.
Não insista, o caipira,
Não fala mesmo “com a”,
Na sua simplicidade
E na santa ingenuidade,
Não há quem nisso dê jeito
Pra ele falar direito,
“Ca” é sua criação,
“Com a” ele não diz não.
Então, como come o caipira?
-Ele come “ca” galinha;
Como festeja o caipira?
-Só festeja “ca” gatinha;
O que lhe causa o som pop?
-Irritação e vira fera;
O que é que o aborrece?
-Se se juntar “ca” galera.
Qual convite ele não quer?
-Pra banquete “ca” elite;
O que isso o estraga?
-Estraga seu apetite;
Qual é o seu atrativo?
-Uma mesa “ca” buchada;
E se buchada não tiver?
-Um panelão “ca” rabada.
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