"Como quando miramos o céu e lá não vemos o fulgor da lua, pus minh´alma na rua e senti cheiro de escuridão e abandono. Saí, vísceras expostas, peito em pedaços, olhos marejados e divagando estrelas quando senti que não seria de todo presente meu martírio. Carregando meu langor trabalhoso, meu fardo de sonho encantado, senti de novo aquele odor de beijo fragmentado, e mergulhei num mar dourado de premonitória e grata surpresa. Nadei nas brumas de uma especial realeza, majestosa sílfide de singela pureza, ao passo que meu afã de príncipe menino dava o rosto à s tapas do vento. Fui vítima de rumores de acalento, frisson de candura que nos traz uma brisa terna e divinal, daqueles que quando se sente a boca fica mais rósea, o peito logo se intumesce e prepara, o olhar de vaidade se inundara e a vista lànguida de prazer escurece. Saí à procura da brisa, enlevado como luz que foge do sol para a lua, padecendo ao tremor que o vácuo de tua ausência em mim perpetua, e quase flutuei quando em minha frente recitavas a melodia balsàmica do beijo. Surgiste pura homenagem ao fascínio fêmeo da vida, poesia de carne em meu amor tatuada, ornada, por minha pele absorvida, um sonho vindouro que a minha mente não havia agraciado. Ode à luz preciosa de um ser encantado, tu entoavas o som do céu e eu flutuava pasmado, meu sorriso cansado chorava de dor e ternura, te vendo dar presentes ao ar com tua doçura, flores emergindo do nada mais lindas que nunca. Devotado eu, maltrapilho do amor, acorrentado a tua quimera de lírios etéreos, buscava em tuas pétalas meu vóo pétreo de fulgor e na tua textura selvagem de flor procurava a aterrisagem de minh´alma guerreira e esfacelada. Desabaste açucarada em minha superfície deserta de conforto, e eu em pé sem esboço de vida e todo vida inerte de tamanho fascínio, tentando conciliar devoção e raciocínio, e vendo em vão o sacrifício de minha lucidez exaurida. Sou tanto mais uma embriaguez nobre e candente, tornado meu espírito estóico dormente, que uma paz piegas e relapsa e acomodada. Sou teu guardião de alma lavada, tendo recebido teu mar de encanto que em meu peito urge, nutrindo tua flor que em minha pele surge, adormeço luz para alvorecer comoção. Surgiste irradiada de uma música onírica e angelical, estavas anjo a dissimular teu império de fulgor carnal, e eu quieto a merecer teu canto lírico de pluma. Agora escute, finja que é de letra minha voz, saiba decifrar a força do amor que emerge de nós, abençoado por fadas cálidas viciadas em nosso beijo, saiba que teu toque é o universo que almejo e teu ser o único sonho no qual vivo...". |