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Roteiro_de_Filme_ou_Novela-->Perímetro Urbano A Ida - Cap.I -- 20/10/2001 - 13:05 (Stênio Dias Ramos) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
Meus sentimentos não são fáceis de se observar.
É difícil olhar no meu rosto e dizer se estou
ansioso,impaciente,radiante ou infeliz.Estou quase
no limite do auto-controle,pelo menos no que eu
penso como sendo um auto-controle.Ou talvez seja
vergonha,medo de me expor,de apenas parecer que
sinto algo.
Talvez seja por esse motivo que eu não esteja
comemorando quando finalmente avisto as primeiras
nuvens de chuva e as primeiras favelas ao longo da
estrada.É o sinal de que entramos no limite da ci-
dade.Já nem me surpreendo,é sempre assim que ela
parece se apresentar.Mas eu também precisava sair
daquele inferno.Acho que nunca me acostumaria
com aquela cidade de interior se me prendessem lá.
Bem que queria sair logo daqui e ir rumo à casa
onde está o que agora restou de minha família,mi-
nha mãe e meu irmão mais velho,Marco Antônio.Logo
agora que eu já estava quase esquecendo do meu pai
,ele que se separou de minha mãe quando eu tinha
uns 8 anos,e eu,disposto a tomar as dores,fui pro-
curá-lo para convencê-lo de alguma coisa qualquer,
não sei.Ele poderia dizer que na verdade o culpado
foi ele,que foi a bebida,poderia dizer que o pro-
blema era minha mãe,mas aquele silêncio ao nos en-
contrarmos,eu simplesmente nunca aceitaria.Mas o
que poderia fazer?De repente,ele se vê diante de
um garoto prestes a completar 16 anos que fica lhe
dizendo o que fazer...sinceramente,se estivesse na
posição dele,teria tomado a mesma atitude.Ele só
dizia que era adulto o suficiente pra saber que
decisão tomar na vida e que eu não tinha nada a
ver com isso.Só poderia concordar,já disse.Também
não queiram botar a culpa em mim.
Mais de 7 anos depois dessa separação,soa até
tragicômica toda a tentativa de lembranças desse
período.Como quando ele me enchia com comentários
maldosos à minha mãe só por ter somente o sobreno-
me dela.Ora,não foi ele quem quis assim?E o pior
é que ainda vinha com isso quando o vi agora...
Essa tentativa de descontar toda sua raiva nela,
que coisa mais infantil! Que piada!! Meu pai era
mesmo um homem doente e frágil emocionalmente.Por
mais que me ofendesse,já tinha como me defender.
E assim ele se recolheu à sua mediocridade.
Não tive notícias de casa nos últimos 2 dias,me
senti perdido.Só pensava em poder me livrar dessa
missão ingrata e que não iria levar a nada.Mas
agora que já deixei isso para trás,coloco meus
pés no chão.Não faço idéia de onde meu pai esteja
,e nem quero saber.Sequer sei que dia é hoje,em
que mês estamos...eu que sempre fiz questão de
controlar o tempo em minha vida.Mas quando voltar
á minha casa,tudo voltará ao normal.
Nem reparo que já estamos no final da rodovia,
a avenida marginal sempre pulsando,movimentada,
sem problemas no caminho por aqui.Já deitado no
banco do ônibus,vejo todos já se levantando á
primeira vista do terminal rodoviário.Não sei o
porquê de tanta pressa,sempre aparece algo para
fazer a gente parar.seja a escada rolante,o
corredor,ou mesmo alguém que te pára para tomar o
que você têm,e talvez até o que não tem.
Melhor tentar um caminho diferente...paro,
então,no ponto de táxi,onde vários motoristas já
gritam por você desde a descida do ônibus como se
não conhecessem nada da cidade,para aí fazerem
você andar pelo caminho mais longo.Sei que esse
truque é velho,mas comigo não vai adiantar,não!!
Mas mal deixo minha mala no chão e um cara já a
pegou.Aos gritos-"Ei, peraí!!"-fui atrás do espí-
rito de porco-"Não deixa ele fugir!!-,até conse-
guir derrubar o sujeito na escada da saída.Ele
não era de nada,não tinha sequer uma faca de co-
zinha...não queria falar nada,mas acabei cuspindo
algo em sua cara-"Trombadinha..."-Voltei ao táxi,
ofegante,mas como era meu normal,fui como se nada
tivesse acontecido.O motorista também estava no
seu normal,mas resolver não ficar em silêncio du-
rante a viagem:
_ Nossa,cara,você correu pra caramba,né?
_ Não,eu sempre faço isso.
_ Essa cidade é mesmo violenta pra cacete...
_ É...
_ Ah,sim,esqueci de perguntar pr onde você vai.
_ Não sei,segue por essa avenida,aí eu vou te
dizendo por onde passar.
_ Parece que você ainda tá assustado.É a 1a
vez q te acontece isso?
_ Comigo,é.
_ Tá bom,acho que você não quer mais papo sobre
isso.Quer ouvir um rádio?
_ Sim,obrigado.

O carro já estava no final da avenida Prestes
Maia,já perto do velho viaduto Santa Ifigênia,e
nem reparei que tinha passado pela Luz,Júlio
Prestes,mas também foi melhor,nem gosto dessas
velhas construções.Não sei como eles ainda chamam
a atenção com tantos prédios envidraçados e
movimento nas ruas.Aind prefiro ver gente,por
isso também adoro o Centro.Tão longe de casa,mas
lá ainda vejo as mesmas pessoas que saem de casa
antes do sol nascer (claro,quando pedem para
adiantar o relógio em 1 hora,alguma coisa piora,
mas ninguém sabe o quê).Até parece algo distante
para mim,mas por estar tão perto é ainda melhor
só observar.

(Texto ainda esperando atualização)
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