Chegando perto do portão da escola municipal onde sou professora, atrasada, ouço o sinal da entrada. Cheguei atrasada pois dou aula lá pra Vila de Cava, Nova Iguaçu e moro no Centro do Rio, ali no "Balança mais não cai".
Corro na sala dos professores, pego apagador e giz, que Graças a Deus agora o Governo manda verba para isso e vou para frente da fileira da minha turma de quarta série.
Dou bom dia aos alunos, só um responde ao cumprimento e começo a ajeitar a fileira:
__ Ueliton (E se escreve assim mesmo!!!),entre na fila. Alexandre, abaixe os braços. Diego, feche a boca que vamos canta o "Hino de Nova Iguaçu" .
Por trás mim de repente, uma voz berrada quase me ensurdece:
__ Firme, cobrir!- vem Dona Nancy, regente de turma ( uma espécie de antiga inspetora), que só para de berrar a expressão de quartel, quando vê todas as crianças duras, esticando e batendo os braços no ritmo da sua ordem.
Começa o Hino de Nova Iguaçu e Dona Nancy "marcha" entre as fileiras conferindo se as bocas só se movem ou se realmente estão cantando. E quando vira-se de costas as bocas que deviam estar cantando o tal hino, estam apontando suas linguas para a inspetora. Hino executado, as turmas vão cavalgando nas escadas até a sala para cumprir sua rotina diária de enlouquecimento das professoras.
E assim se passa mais um dia na escola, pois no dia seguinte, terei que chegar novamente atrasada para a excução do Hino Nacional.