Nossa! quanto lero-lero,
quanto jogo zero-a-zero,
é muito bruto king-kong,
é muito cheque ping-pong,
egoísta no quero-quero
e chinês que é song-song.
Procurando um tic-tac
na loja de brique-a-braque,
o dono, tal chique-chique,
olhou-me com tric-tric,
quase tive um peri-paque
e um nervoso tique-tique.
Galo está virando pinto;
pinto guardado no recinto
da cueca que foi ceroula,
eu tempero com cebola
meu peru à vinho tinto,
encontrem melhor escolha.
Nesse país há liberdade,
mas ninguém diz a verdade,
sempre vejo uma Raimunda
na TV mostrando a bunda,
bunda é celebridade,
um dia esse barco afunda.
Paixão é um sentimento
que só causa sofrimento,
amor na base do ciúme
fica sujo, vira estrume,
deixa odor de excremento
que animal joga à lume.
No meu jogo de sinuca
quase me fundia a cuca,
fiquei pela bola sete,
liguei o videocassete,
comi filé à pururuca,
comigo ninguém se mete.
Nordeste que triste sina,
o sofrer nunca termina,
não chove, morre de fome,
chove muito, morre e não come,
se corre ou fica, tudo culmina
na boca do bicho sem nome.
Ser ou não ser, eis a questão,
ter ou não ter, que dilemão,
ver ou não ver, que diferença,
dar ou não dar, ambígua sentença,
ir ou não ir, que problemão,
vir ou não vir, dúvida imensa. |