"Um Gole & Meio"
KaKá Ueno...23 03 03.
Todos os dias lá está,
o santo na parede,
e um ramo de arruda...
Porque será?
Nas prateleiras,
uma fileira, e à pasmaceira,
a desgraça da família inteira!
Desce uma,
e mais uma,
e agora a saidera!
Até virar a noite inteira.
À água passa pelos pés,
e o bar mam com a cara feia.
O sujeito que não se toca,
e vai ficando a noite inteira.
Até ser jogado prá fora,
na forra,
e sem paciência...
O dono se enche e vai embora...
Agora o sol já raia...
E ele lá,
jogado na calçada...
Um cão qualquer,
um vira-lata,
deita e o faz companhia...
O bafo do bebum?
Noticias de sua vida inteira,
uma choradeira.
e os segredos da família?
Ficam lá,
entre a bagaceira.
A mulher que nunca frequentou,
todos sabem da sua intimidade,
da sua vida inteira...
Cachaça e rabo de galo,
enfiado pelo gargalo.
E o fiel consumidor,
Deixa tudo que ganhou...
Seu Joaquim, seu Manoel,
todos barrigudinho,
em cada esquina agradecem.
A mesada do filho,
da mulher que economizou...
E no bar tudo ele deixou!
Tropeçando nas pernas,
nunca erra o caminho de casa!
Ao abrir a porta o tempo fecha!
O barraco está armado...
E dá inicio ao primeiro ato:
A confusão está criada...
A mulher que ficou feia e velha...
Nunca como ele deixou!
Os filhos que parece ter mudado de cara...
Encolheram e fazem a maior algazarra...
Quando a ressaca passa, bem sabido,
nenhum estava em casa.
E a senhora que pensava em dormir?
Logo acorda para ser à platéia...
O publico e a coadjuvante.
Chegou o tenor das madrugadas...
O tenista, e o arremessador...
De pratos e copos,
e o que mais tiver.
Fecha-se o cenário e ele cai deitado...
No dia seguinte, sem mais ninguém,
o desbundado e descarado...
Sequê lembra do que fez...
Conveniente,
não lembra quem bate,
só quem apanhou.
Mau caráter e covardia são doenças?
Se for...
Porque um alcoólatra nunca enfrenta outro homem?
Quase sempre é a mulher,
ou, o filho menor...
que apanha e leva a culpa,
de tudo que acontece?
KaKá Ueno...23 03 03. |