Eu vejo o menino roemeiro,
Eu vejo a nuvem negra,
Eu sinto o sangue batido
na terra.
Meu Jesus Cristinho,
negrinho pequeno,
Minha Santíssima Trindade,
lésbica da piedade,
Ó pai gay na cristandade,
ursufruto nu da maldade.
Teu Deus não admite o meu.
A matéria que te leva é o
resultado da desgraça física
nos teus poros.
Então porquê meu senhor,
espanta-se com o jovem
romeiro na via-crucis?
Sua Angola querida
carrega suas marcas
no ventre - um parto em
desavenças ( saques e guerras ).
O hebreu e sua mão carregada
de tijolos romanos edificaram
o templo.
Porquê então meu senhor, não
deixas o Jesus Cristinho, meu
negrinho entrar?
Nós não queremos ver-te preso
nesta cruz, o rosto fatigado
e a coroa de espinhos riscar-lhe
a testa.
Quero-te com uma linda rabeca
romena, tocando os fluídos
da alma e do amor...
Vem menininho, canta em meu
colo...
Vem menino, venha com sua
velinha nas mãos...
Nas diferenças de teus pais,
traga-nos a piedade,
a justiça e o amor.
Seja amarelo,
Seja azul,
Seja preto,
Seja branco,
Seja ezotérico,
Seja cético.
Eu vejo o menino romeiro... |