Um dos temas de grande importància no dia a dia das pessoas é a ordem com que cada um coloca a roupa ao se vestir. Cada um se acostuma com uma rotina e qualquer mudança pode comprometer todo o dia.
Digo isto com base na observação destes programas de perguntas entre casais onde ambos respondem à s mesmas perguntas separadamente. Depois, as respostas são comparadas. Pela coincidência das respostas, tem-se uma idéia da harmonia do casal. Como consequência vêm as acusações do tipo "você não dá bola pra mim".
¾ Estamos casados há mais de vinte anos e você nunca reparou que eu coloco a meia esquerda só depois de abotoar o punho direito e só abotóo o punho esquerdo após colocar a meia direita. Você nunca notou que quando não uso meias, as mangas nunca são abotoadas? Realmente, você não dá a mínima importància.
¾ E você que nunca perguntou por que ...
Voltando à questão da ordem em que cada um se veste, é importante notar que cada um estabelece esta ordem sem pensar muito e, de tanto repeti-la acaba achando que há lógica. É o velho princípio de primeiro decidir e depois arrolar as razões, em mais uma aplicação prática. Quando alguém descobre a sua forma e pergunta porque este ou aquele procedimento, não raro fica-se em apuros. O jeito é disfarçar e trocar de assunto ou devolver a pergunta usando alguma peculiaridade sobre a forma do outro se vestir. Aí estarão empatados. Neste caso estabeleça um prazo para a formulação de defesa escrita longo o suficiente para que ambos esqueçam da enrascada em que se meteram. É realmente um problema. Outra saída clássica é devolver um "Por que não?", passando o ónus da explicação ao outro.
Se você pensa que a evasiva resolve o problema, infelizmente, devo avisar que não. Com ela você estará temporariamente dispensado de contar o motivo ao outro. Mas e você? Passará a pensar nisto o tempo todo. Quando se vestir novamente, o fará com mais calma, procurando observar a ordem usada, perceber os detalhes, entender suas próprias razões. Há quem nestas pesquisas inverta a ordem um dia. Mas no dia seguinte vai lembrar que passou o dia todo incomodado e voltará Ã ordem original. Mas porquê? Nunca se sabe.
Desnecessário dizer que algo semelhante ocorre com o despir-se e aí há que considerar o despir a si próprio e o despir a terceiros.
Analisando este problema tão pessoal, talvez se descubra o que poderia levar alguém a marcar com letras bordadas os pés das meias. D para o direito e E para o esquerdo. Por sinal, um bordado muito bem feito.
