Peço permissão ao Marco Haurélio
Que tem grande "Pensamento",
Vejo que em todas suas Obras
O que nunca falta é talento,
Mas a licença que necessito
Com humildade, nunca no grito,
É pra falar do meu jumento.
Não cavalguei pelo passado
Mares também não atravessei
Lugares sagrados não conheci
No Brasil mesmo eu fiquei;
Tudo num instante,nesse agora
Nada deixarei de fora
Os belos momentos que passei.
Saindo aqui de Vila Velha
A grande ponte eu passei
Antes, fui fazer a minha prece
Pra sair tudo conforme pensei
Fui subir o Morro do Convento
Montado no meu jumento,
Com respeito, no penhasco eu orei!
Cruzei o nosso querido estado
Lá pra Bahia me mandei,
Passei na Feira que é de Santana
Farinha de mandioca eu comprei;
Sem gastar nenhum tostão
Pois viajava na imaginação,
No jumento que também improvisei.
Passei por Sergipe e Alagoas
Para o Piauí me desloquei
Conheci os Estados do Nordeste
Na Paraíba um amigo encontrei
A farinha que eu levava
Lá em Picuí eu trocava,
Com carne de sol eu almoçei.
Depois dessa viagem tão longa
Onde travei muito conhecimento
Uma coisa me deixou tristonho
E até me causa arrependimento:
Por não ter um corcel, um alazão,
Nem no pensamento viajo mais não
Tão cansado...aposentei o pobre jumento.
Agora, nosso descanso merecido
Me deitei à sombra dum pé de ingá
Apareceu logo um agente do Governo
Dizendo que meu "bixím" era do Ceará;
Nervoso, fui até onde tava o jumento
Mostrei pra aquele homem, o "Documento"
O cara sumiu,dizem que foi pra Quixadá!