Brasília, 20 de julho de 2004 – 0:20h
Há dias na vida da gente
que por mais que se insista,
se faça perguntas e tente,
há coisas que não se entende.
E o tempo vai passando,
e a gente teima o impossível,
fazendo perguntas, tentando
compreender o incompreensível.
Vive tentando acertar
e o acerto, como o vemos,
acaba por se transformar,
a outros olhos, veneno.
Vive-se tentando viver
em acordo com o que se pensa.;
mas da verdade – o que dizer?
não é a verdade do outro
e esta é toda a diferença.
Há dias na vida da gente
que por mais que se olhe pra dentro
para um lado ou para a frente,
ou ainda para o espelho,
mesmo com lente de aumento,
por mais que a busca cresça,
tentar encontrar o erro,
onde? quando? por quê?
Nada. Não há nada que pareça
errado no que se vê.
Não há erro: eis o resumo.
Nem equívocos, nem desvarios.
Nem caminho certo ou rumo.
Nada. Nada vai botar num prumo
que a todos satisfaça.
Nem tente. Não vai ter nem graça.
Vai perder seu tempo,
jogar aos porcos as pérolas,
em coisas inúteis, bons momentos,
com mau defunto, boa vela
e esteja certo, acredite:
não tem conserto, nem remendo,
certo aqui, errado logo em frente,
o seu certo aqui, é logo ali erro tremendo.
Acertar com o mundo, é com certeza,
o caminho mais curto e certeiro
de errar consigo mesmo e continuar na mesma.
Mais simples é virar pedra, das bem duras:
as flechas chegam voando, certeiras,
mas atingem-te a parede e às escuras,
vão ao solo, viram nada. Poeira.
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