VOZES DO SIÊNCIO
Tereza da Praia.
Tudo é silêncio.
Penso no amor.
(mesmo quando havia falatório, eu pensava).
Parecia um clamor.
Tudo é silencio e o meu som interior.
Pensei tanto. Senti tão pouco.
Não sei por quais caminhos
Perderam-se meus pensamentos loucos,
E minhas sensações em torvelinhos.
Lembro que já peguei atalhos,
Já perdi a rota,
Fiz trilhas a picadas de machado.
Cortei os secos galhos.
Trilhei caminho desacertado.
Sonâmbula, quase morta.
Minha alma, nem sei por onde andou ela,
Em sonho delirante,
Quando a noite se desprendia
Do meu corpo agonizante.
Rememorei em pensamento
Todos os meus sentimentos,
Descobri o vácuo, o vazio.
Não há mais amor
Passou... Silêncio...
Nem sequer uma dor.
Não amo mais a nenhum.
Recordá-los é uma coisa de saudade.
Não saudade de algum,
Mas do sentimento de amar.
Daquele amor profundo,
Que passa, mas fica o perfume, a claridade.
Quando amei, eu era toda amor.
Amava o amor que eu sentia, fecundo.
Eles foram do meu amor,
Objetos escolhidos,
Para os quais me dei inteira.
O amor me fazia bela, colorida.
Tudo era uma linda brincadeira.
Meus olhos tinham brilho de vida,
Meus suspiros longos,
Noites quentes e cheias de carinho,
Mãos para segurar com força,
Ou de leve, sem intenção alguma.
Tantas coisas boas, que não amesquinho.
Sentia-me leve feito pluma.
Tecia tantas loas.
Um não-sei-quê, que vinha não-sei-de-onde.
Tudo tinha sabor de fruta de conde.
Agora, passou o amor, a dor... Silêncio...
Harmonia no todo está presente.
Só ouço os sons de minha mente!
Tereza da Praia.
Série: Cenas Insanas.
|