CENAS INSANAS
Não encontro caminhos
fáceis de andar. (Cecília Meireles)
Tereza da Praia
“Não encontro caminhos fáceis de andar”
Meu sentir passa pelo sentir de Cecília
Mas como não tenho a sua verve, prefiro calar.
Ficar com o grito preso na garganta, a agonia.
No meu silêncio viajo por universos de melancolia,
Que ninguém vê, que ninguém quer saber.
Que eu não quero contar.
Ninguém saberá tudo que passa aqui dentro.
O terremoto, o furacão, o vulcão.
Do abalo sísmico o epicentro.
O vazio, o caos, a confusão da alma.
Ninguém saberá da esperança, da paixão
Por um amor em céu de anil
Sonhos de dias claros,
Noites com sol primaveril,
Manhas com lua rara,
Sorrisos de crianças.
Ninguém saberá das lembranças,
Das saudades do mar, da chapada, das cachoeiras,
Do colo de mãe, das brincadeiras.
Não. Ninguém saberá o que se passa aqui dentro.
Nem você, meu amor, que nunca parou para me ouvir,
Que, talvez por medo de minha nudez,
De, em mim, se ver refletido com nitidez,
Nunca quis me sentir.
Tereza da Praia
Série: Cenas Insanas.
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