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Artigos-->Galo: cobrado, sem cobre e cobra -- 03/07/2002 - 09:51 (Elpídio de Toledo) |
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Pra Inglaterra se foi o que silva, o Gilberto, cobrão do Galo. Motivo: quebradeira nos cornes e mal-de-inchar
nas finanças do clube. O dinheiro que entrou serviu só para inglês ver. A soberba assobia sempre a mesma
música. E é a música que tem que ser facilmente reconhecida, a fim de que a primeira mascare a realidade,
anos a fio. Essa música tem que ser de aceitação geral, geralmente um hino, e vir acompanhada de pala-
vras de ordem, tais como: "o pavilhão que adoramos é muito superior ao que acontece no interior desse
pavilhão. Porém, ao longo dos anos, o que acontece nesse pavilhão pode ser a paulatina formação de ra-
chaduras. A proliferação de cabeças de bagres. O sumiço de tesouros, troféus e outras peças conquista-
das com a ajuda e a força de mecenas, interessados na lavagem de suas riquezas. Uma profanação contí-
nua do templo principal. Decisões tomadas por cabeças trepanadas. Tudo sem que chegue à percepção da
massa que adora esse pavilhão.
Esse pavilhão pode ser uma pequena, média ou grande família . Essa família pode ter membros que sejam
irmãos de sangue. Parentes. Amigos. Ou, simplesmente, gente que optou por um credo. Um símbolo. Uma
imagem. Ou um lugar de catarse comum. Lugar para ensinar aos seus filhos que, outrora, quando havia
terreiros nas casas de seus pais, era necessário, imprescindível, ter um galo forte, altaneiro, de preferên-
cia, carijó, espalhafatoso. Um desses que, a cada passo, em direção ao dia do cozimento final, dá duas ca-
beçadas no ar, evidenciando sua convicção de que é e será sempre o dono do galinheiro. Mesmo tendo
matado a bicadas e esporas metálicas sua fiel companheira, que botava ovos de ouro. Mesmo tendo fale-
cido o autor do hino que ele escutava todos os domingos, lá pelas seis da tarde.
É hora deste galo ficar sabendo que o dia da panela está chegando. É hora deste galo convencer-se da
sua pequenez. E é hora dos pais desses filhos reconhecerem que não há mais terreiro em suas casas para
que haja um galinheiro. Precisam mudar para outra cidade, compor um novo hino e construir uma nova ca-
sa, com terreiro próprio para galinheiro. E ter a sorte de achar uma nova galinha que bote ovos de ouro.
Quem perde com isso? A raposa do cruzeiro, o coelho da alameda, o leão do bom fim, o jacaré de sete la-
goas...Todos os bichos que visitavam esse galinheiro e voltavam satisfeitos para suas tocas, longe desse
pavilhão e dessa família que, a cada dia, perde mais um membro.
O galo precisa ouvir diversas músicas, músicas simples, que lhe inspirem novas palavras de ordem, tais
como: "o pavilhão que adoramos é bem inferior ao que acontece no interior de outros pavilhões."
O galo é feito de "eu pobre" , e está mirrando cada vez mais. Nada tem de "eu rico" e algo que eu possa
ficar mirando.
[Com os cumprimentos do Tim, primo do Sorin, crente em carnes brancas sem pele, controle de triglicérides
e na paixão de Spinozza.]
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