Rio de Janeiro, 11 de maio de 2000
Caro amigo,
Escrevo-lhe com a alma atormentada, sem saber mais o que fazer, já que meus devaneios saíram do inconsciente e se tornaram rotina; rotina que consome por inteiro e perturba.
Perturba, porque é platônico, não sai de mim e ressoa em minha cabeça, criando ecos de agonia e desespero.
Por isso escrevo; para tentar tirar de mim esse sentimento ancorado em meu peito que, como um barco em alto-mar não se movimenta.
Escrevo na esperança de conseguir entender nas palavras o que não consigo entender sentindo, pois, como disse Neruda: “Escrever é fácil. Você começa com uma letra maiúscula e termina com um ponto final. No meio, você coloca idéias.”; mas sentir, ah...sentir é apenas sentir e por isso é tão intenso e hermético.
O que faço, caro amigo? Tento entender o que não deve ser entendido e sepulto-o acalentando a dor em meu ser ou simplesmente sinto e me deixo amar por inteiro?
Aguardo ansioso a resposta com o corpo e suplicante com a alma.
Carinhosamente,
Loque
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