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cronicas-->A PONTA DO OURO -- 11/03/2003 - 14:32 (Daniel Cristal) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos









Charles Baudelaire, um dos maiores poetas franceses gostava de termo evasão para enquadrar os seus sonhos de viagens até ao paraíso, expressão das suas recordações do passado em que visitou umas ilhas atlànticas em que viajou com o seu pai, e da qual nunca mais se esqueceu. Nessa altura não havia as viagens programadas que existem hoje a preços módicos, e por isso se deixou o poeta vegetar numa cidade maravilhosa que é Paris e as suas fugas objectivavam-se nos cabarés da cidade, gozando-os como os noctívagos desregrados da sua época no meio das prostitutas ou em bordéis de quem recebia favores a troco de alguma simpatia. São célebres as noitadas deste no Moulin Rouge e de alguns dandys que viviam nesta devassidão, e tornou-se célebre o pintor Toulouse-Lautrec e outros poetas da sua plêiade. Ao spleen ele contrapunha a evasão.
Fugia de quê? Poderíamos questionar! Do ram-ram do dia a dia? Da monotonia depressiva do quotidiano esmagador? Do trajeto repetitivo? Do mesmo lugar que só adoramos quando nos encontramos longe, e do outro longe que com o tempo se vai reverter em pequenez e rotina?
O ideal seria viajar até ao limite dos outros limites, continuando a fugir, a evadir-se, para outros sítios que cumprissem a volta ao mundo, e o mundo se nos voltasse do avesso. Do avesso porque seria necessário recomeçar aí noutro tempo com novas surpresas e renovados espantos.
A melhor praia do mundo? Interessante interpelação! Esta praia?, aquela?, todas foram as melhores praias do mundo, porque a beleza está dentro de nós, os olhos, os mesmos, o sol, o mesmo, o prazer, os azuis, os verdes, os cinzas prateados e os dourados, quase os mesmos, o nosso gozo de felicidade são os óculos com que observamos o espectáculo, mesmo que não usemos óculos nenhuns, o que equivale a dizer que usamos sempre óculos, os nossos que estão atrás da retina, sendo estes o nosso íntimo.
Certo, a melhor praia do mundo é a Ponta do Ouro, em Moçambique; melhor porque palco de um encantamento e de uma adoração. Conta a lenda que uma linda sereia dourada se perdeu no Mar índico e deu à costa na Ponta do Ouro. Acostou nesta baía a sereia dourada, e a areia coloriu-se de ouro. Os próprios rochedos que se elevam da areia, aqui e ai, douraram por reflexo e contágio. Ao lado permaneceu uma toalha de mar azul, o azul mais transparente à face da Terra. No mar outros rochedos fizeram uma cordilheira de saliências, que ampararam a baía e a protegeram desses terríveis predadores: os tubarões antropófagos.
A sereia quando foi vista pelos autóctones lançou-se ao mar e aí anda na baía perto dos rochedos distantes, mas só se lhe ouve a voz melodiosa e encantatória nas noites de vento forte. Quando as pessoas a ouvem e o vento sifla, enchem-se-lhes os corações de amor, e é certo e sabido que, sendo namorados, nunca mais se conseguem separar. Porque ficam unidos para todo o sempre, aconteça o que acontecer nas suas vidas.
Heródoto, o célebre historiador grego, disse que não há céu mais bonito do que o de Bodrum, na Turquia. Um céu magnífico, não há dúvida, comprovadamente uma maravilha terreal! Mas estou convencido que ele não conhecia o céu e o sol da Ponte do Ouro, senão teria de repensar o juízo. Não há sol tão brilhante, mar tão azul e transparente, areia tão fina e dourada como a da Ponta do Ouro. A franja de verde que torneia a baía, veste-a de fresquidão e de encanto. (Ver foto 1)
Sejamos no entanto justos! Há ainda paraísos à flor da Terra, locais de sonho, praias de maravilha! (Ver fotos 2: Baleares, e 3: Essaouira)
Há céus de deslumbramento! (foto 4: Ouarzazate).
Para reconstituir o Paraíso teríamos de fazer um cenário que englobasse a baía da Ponte do Ouro, a espelhada mansidão marítima de Maiorca, o areal soberbo de Essaouira, o céu cristalino de Ouarzazate, a água temperada do Mar Egeu, as flores da Madeira, os corais de Porto Amélia, a gastronomia da Costa espanhola de Azhar, os coqueiros da Zambézia ou as palmeiras e tamareiras de Marrakech, os planaltos e as planícies de Tacuane, a exuberància da flora tropical de S. Tomé e Príncipe.
Julho de 2001

Armando Figueiredo (Daniel Cristal)


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