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cronicas-->TOMAR, UM SONHO TEMPLÁRIO -- 11/03/2003 - 14:29 (Daniel Cristal) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos




Tomar, um sonho templário

Com Vossa licença, se for benveúdo, permitam-me, se não for ainda demasiado ousado, que Vos sugira o seguinte:
- O que seria interessante, seria reunir os autores das melhores CRÓNICAS DE VIAGEM, em Tomar num fim de semana.
De certo modo, e sem exacerbado exagero, seria transformar o Hotel dos Templários num outro Paraíso de sonho, num sonho com paraísos, a realização sonhada de todos os paraísos.
E, sem muita imaginação, mas quiçá exigindo alguma, meia dúzia de casais até seria um número ideal para que a permuta da descrição de sonhos realizados e de paraísos achados, fosse um sonho lindo também concretizado.
Por ventura, esta sugestão será sem ventura nenhuma, por falta de meios? Por ser demasiado cara? Que seria todavia cara, com o sentido de querida! Os meios ou os fundos contrariam toda a poesia e a prosa da utopia! De modo que, tendo tido hoje um sonho lindo, remeto-o contudo aos deuses da negação. Certamente...

Fim-de-semana quente, deslumbrante... O Sol brilhou com a chama forte do Verão ainda por cumprir, passámos a minha esposa e eu, pela Mealhada de Sexta-feira, dia 1, para saborear o célebre leitão, e findo o repasto, lá nos deslocámos pela antiga estrada para Tomar, apreciando a paisagem que nesta estação do ano, é digna da caneta dos poetas e dos artistas-prosadores. Como nos deslocávamos do Norte para o Sul, em espiral, fomos descendo as Beiras, confluindo no Ribatejo, e aí, fomos ao encontro do Hotel. Pneumatizámos pela Ponte Velha e já no centro da Centro de Cidade foi só rodear, ainda em espiral, o Parque; o Hotel dos Templários mergulhava na sua profundeza, e no meio da vegetação, frondosa, fresca e verde, entrelaçando o Rio Nabão, numa posição de vassalagem, a seus pés.
Os três dias (duas noites) proporcionaram o apuramento do bronze nas peles já tisnadas junto à piscina do Hotel, e a revisitação do que já por duas vezes, há anos atrás, nos fora dado observar e estudar. Fomos, assim, ao Convento de Cristo, onde, nesta ocasião, um grupo guiado de italianos prestava a sua investigação, auxiliados por um cicerone, ao Castelo, às Igrejas, ao Moinho de El-Rei, à Sinagoga (Museu Luso-Hebraico), e deambulámos pelas artérias da cidade, em época de saldos.
Não podia deixar de fazer-se: a pé, metemos caminho à volta do monte do Castelo e feita a espiral, observámos o pórtico da Igreja interior, o Altar dos cavaleiros, os claustros, celas, caves, indo confluir na frontaria da janela da Sala do Capítulo, essa que resume a história nacional até D. Manuel. Todos os símbolos recordam, na sua geomancia, a epopeia das descobertas, a errància do povo português e a diáspora que lhe seguiu, impulsionadas pela sabedoria guardada secretamente pela Ordem dos Templários, tendo-se-lhe alterado o nome aquando do receio da entrada da Inquisição em Portugal, para Ordem de Cristo; ainda antes da institucionalização deste Tribunal eclesiástico de má memória, reduzindo no fim da Idade Medieval, a Religião ao maior fundamentalismo criado na Civilização cristã até então. Gravado na pedra está estampada a existência deste País de marinheiros, cruz de Cristo no topo, coroas e globos, amarras, alcachofras, frutos, folhas de vide, signos por decifrar (que alguns associam ao culto do Paracleto). É a maior coroa de glória do Rei D. Manuel, o monarca que impulsionou na Arte a amarração final, a súmula, de todas as experiências, marítimos sustentos gastronómicos, saberes de progressiva experiência feitos e outros nos segredos do esoterismo.
O próprio D. Manuel teria sido duque de Beja e governador da Ordem, e se outros anteriores foram os executores de ideias e planos para que se cruzassem os mares desconhecidos, este seria o seu fiel sintetizador na Arte escultórica; de tal modo que a epopeia se perpetuou na pedra pela gerações seguintes, sendo o nosso orgulho ainda nos tempos presentes.
Tomar continua uma cidade a visitar e a admirar. Todas as vezes que se vai aí, encontra-se mais um pormenor geomàntico que nos seduz e nos chama ao regresso. Apesar de toda a sua Indústria estar morta, excepção feita a uma Fábrica de Papel, não obstante toda a sua Agricultura estar moribunda, meia dúzia de apelos históricos continuam ainda como faróis turísticos, a apelar e a acolher estrangeiros, ávidos de conhecer melhor a nossa História, única no Mundo certamente, um pequeno povo macrocéfalo que se agigantou nos mares do Sul, esses que foram os mais temidos e tenebrosos na Época Quinhentista.
Abastecidos dos doces da Região para ofertas a familiares, retrocedemos na mesma espiral ao ponto de origem, sem antes darmos uma volta pelo Vale de Santarém recordando as paisagens deliciosas de Almeida Garrett, descritas nas Viagens da Minha Terra.
Setembro de 2001

Armando de Figueiredo (Daniel Cristal)
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