Resumo pra lembrar (XVIII)
Por que existem uns fatos,
ou informações volíveis,
dados enormes, abstratos,
e que são inesquecíveis?
Que tipos de ocorrências,
fatos ou atividades,
não saem das consciências,
nem exigem acuidades?
Observe-se ao fazer:
ao coar o seu café,
suas mãos vão se mexer,
pra nada cair no pé;
um carro você dirige,
suas mãos vão ao volante,
muita coisa lhe aflige,
mas você segue adiante;
pelo parque você anda
de bicicleta, cantando;
o equilíbrio comanda,
e você segue rodando;
ao amarrar os cordões
dos seus macios pisantes,
seus dedos sem aleijões
trabalham tal como antes.
São habilidades suas,
competências tatuadas,
como as nas peles nuas,
que nunca são apagadas;
no cérebro carregadas,
graças a um mecanismo
que as deixam impregnadas,
sem nenhum automatismo,
e passam a fazer parte
da estrutura mental,
duradouras, sem descarte,
prontas pro habitual.
A memória alongada,
ou de longa duração,
finge que foi tatuada
e em grande extensão.
A memória da firmeza,
a de longa duração,
resulta da correnteza
que gera alteração
na estrutra final
da sinapse, que conduz,
ou faz corte brutal,
do fino raio de luz,
o estímulo, e faz
da alteração um traço
de memória eficaz,
com grande desembaraço;
é que as sinapses dobram
sua sensibilidade,
se sinais nervosos obram
e passam com qualidade.
É por isso que moringa
que tem longa duração
em si novo nome vinga,
por tal habilitação:
chamamos memória hábil,
a que tem habilidades,
a memória tempostábil,
ou das durabilidades;
pois para aquisição
de uma habilidade,
só com a repetição
da mesma atividade,
de modo bem prolongado,
seguindo um ritual,
com tudo organizado
pra gravar bem no final.
Saber de cor taboada,
como aplicar a crase,
dizer com voz entoada
a mais-que-perfeita fase
de um verbo complicado,
é coisa pra gente fina,
que tem muito estudado,
ou faz disso sua sina,
como professor letrado;
pra outros não é tão fácil.
Não tendo se dedicado,
não fica o lembrar grácil.
Ter familiaridade
com o tema já ajuda
na reconstrutividade,
sem precisar de ser buda;
mas pra bem gravar um fato
temos que consolidar,
gastar bastante fosfato
para o memorizar.
É preciso repetir
em tempos bem espaçados,
é preciso ir e vir
nos tempos determinados.
Por exemplo, se a mestra
repete a taboada,
o aluno se adestra;
é coisa consolidada.
Consolidação menor
exige repetição,
pra permanecer de cor,
cinco minutos d’ação.
Forte consolidação
mais de hora nos demanda;
repetir informação
grava até n’alabanda.
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