Sim, Eu posso!
Lílian Maial
Não sei das horas,
nem sei do clima,
há sol em meu coração
e eu estou com meu amor.
Onde quer que ele esteja:
em casa, no trabalho,
ou num bar, bebendo cerveja,
não há um minuto que ele em mim se veja.
E eu finjo que sofro,
reclamo aos quatro cantos,
aparentemente canso,
mas não saio de perto,
não o deixo só,
nutro-o com meu carinho,
meu amparo, meu colinho.
Não sou florzinha frágil,
longe de mim!
Nem sou tão triste assim.
Talvez devesse me sentir pequena,
e pobre,
e desamparada,
porque assim seria compreensível
esse meu amor irrascível.
Aceitável esse meu sacrifício.
No entanto eu sou jardim.
Sou feita de rosa, begônia
e maria-sem-vergonha.
E todos os beija-flores me sobrevoam...
Há dias, sim, que me penso louca,
ou covarde, em aceitar o que me vem.
Contudo, depois que ele volta
e se sabe protegido ao meu redor,
meu menino indefeso,
paciente à espera de candura,
vejo-me, então, a mais rica das criaturas.
Sim, porque não posso controlar o meu destino,
não posso arbitrar sobre os motivos,
mas eu posso, sim, ser sua cura!
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