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Cronicas-->Gente fina é outra coisa -- 10/03/2003 - 13:03 (Clodoaldo Turcato) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos


A alguns dias estive lendo uma entrevista da cantora Naná Caymi, onde esta lamuriava-se pela ingratidão do público, que preferem o rebolado da Carla Perez à sua afinada voz. Este corro tenho ouvido a algum tempo. Grandes talentos da música brasileira reclamando da pouca atenção dada pela mídia, pelo público, enfim pelos ouvintes em geral. Concordo com nossa diva que a qualidade musical tem baixado consideravelmete nos últimos anos. Surgiram de todo lado artistas expondo mais as partes pudendas, principalmente do corpo feminino, do que propriamente uma mensagem musical.
O que resta de consolo aos grandes astros da música é que eles são como o ouro, embora de quilates diferentes, ainda ouve-se e grava-se Cartola, Ari Barroso, Pichinguinha, Tom, Vinícius, Tónico e Tinoco, Teixerinha, Clara, Elis Regina...
Alguém se lembra de algum trecho da Gretchen? Eu só lembro de Conga la Conga, e nada mais. Mais um teste: Tente lembrar do Los Angeles, Menudo, Tremendo; se bobear não será lembrada nem a Clementina do Tiririca.
Quando a turma se reúne para aquela cantoria quem é lembrado? Claro, Raul Seixas com sua metamorfose Ambulante, O trem das onze de Adoniran Barbosa ou Sampa de Caetano. Chico, Gil, Belchior, Elba, Marisa. Todos são cantados. E os outros? A dança da garrafa, lambada, axé music, não ficam raízes. O povo brasileiro não esquece seus grandes representantes musicais, embora estes muitas vezes esquecem do povo.
O que faz a música chamada brega vender tanto, sendo passageira?

Se voltar-mos um pouco na história, sempre foi assim. Quando Elis Regina encantava com sua técnica vocal, Gretche e Rita Cadilac levavam os machos brasileiros aos mais belos sonhos. Dizer que Gretche seja melhor artista que Elis seria absurdo, mas a vendagem de discos equiparava-se. Artistas populares sempre existiram; o Rei Roberto Carlos só é Rei por saber como ninguém misturar o brega com o chique.
Mas o distanciamento dos artistas top com o público popular tem-se tornado maior de uns anos pra cá. Caetano fez canção para novela e vendeu como nunca vendera antes. E por que esta distància de agora com o antes? Formalizei algumas teorias, que poderiam ser efetuadas por qualquer um, nas quais tentarei explicar para os senhores o meu pensar:
O público brasileiro tem bom gosto musical. Isso esta fora de cogitação. Dizer que brasileiro não entende de música é ofensivo. Mesmo por que temos os maiores artistas do mundo em várias categorias musicais. Se olhar-mos do clássico ao pagode, grandes expoentes se verão. Sendo o público inteligente, qual seriam então os verdadeiros motivos da pouca simpatia popular para com os monstros da música?
A grande causa, no meu entender, é a enorme antipatia de alguns de nossos nobres representantes. Todos passam uma imagem elitizada demais. Veja o caso de João Gilberto, meu ídolo, mas com uma tremenda falta de respeito para com o público. Quem quer saber se tem eco no palco. Exagero de alguém que se imagina acima dos demais companheiros e nem ensaiar foi. Por várias vezes Caetano ofendeu seus ouvinte, tomando partido e expondo opiniões pessoais, levando à entender ser o seu pensamento correto, sem respeitar o que as pessoas pensam. Para levar um artista de renome ao interior é uma briga, custa caro e as exigências são insuportáveis. Quando os populares vão, cantam e levam alegria aos cafundós do Brasil sem grandes problemas. Reginaldo Rossi, preferido de Fernando Collor, é o típico artista que vem ralando à muitos anos pelos longínquos cantos desse pais; pessoa legal, dialoga com todo mundo, brinca, enfim, agrada. Na hora de cantar não é lá essas coisas, mas faz seu papel de artista: "ir onde o povo esta". Parece-me que alguns desejam ser santificados pelo resto da vida por terem sido exilados e perseguidos pelo militares. Sendo assim, devemos passivamente suportar desleixos e falta de educação. Quantos pobres diabos foram torturados nos duros anos e nem por isso são adornados quando reconhecidos.
Não generalizemos, afinal na classe chique como na brega temos pessoas simpáticas e antipáticas, mas predominam os malas na chique. Com o final da ditadura, alguns nomes perderam a razão de criar. Meter o pau nos militares era gostoso. Ir diante de milhares de pessoas e quebrar violões, marcava para toda a vida. Mas e depois, ficou um vazio. Levou-se anos para acordar. Veio o Rock Brasil que começou criticando a elite, responsável então pelo caos. O amor, a vida, a arte , o sexo foram esquecidos. Cantou-se muita sujeira, mas de forma gramaticalmente correta. Hoje enquanto os artistas clássicos tentam encontram formas de levar seu trabalho ao gosto popular, os bregas animam o público, brincam, rebolam, insinuam uma alegria maliciosa, levando todos a entender frases como "segura o tchan", por "segura o pênis", ninguém diz, mas pensam. Tem idéias mais monstruosas como a marcante dança da garrafa, onde a dançarina simula um relação sexual em público, sob aplauso da galera e todos imaginando aquilo ... bem deixa pra lá.
Outro fator é o preço dos shows e ingressos. Enquanto um Cd de Rio Negro e Solimões, Leonardo, Companhia do Pagode, etc., custam doze reais, um álbum duplo de Chico Buarque não sai por menos de quarenta . O ingresso para Rick e Renner, Amado Batista, Genival Lacerda custam em média cinco reais. A entrada para Gilberto Gil chega a custar cinquenta mangos, com direito a falta de educação embutido, embora o Gilberto Gil nunca tenha feito isso, que eu saiba.
Outra coisinha insuportável é ouvir artista falar que produziu seu disco no exterior. Alguém sabe o que é uma mixagem musical? O amigo do CCE Paraguaio sabe a diferença de um disco feito em Los Angeles ou em Barbacena? Falar do Rio de Janeiro e Salvador, como se fossem os únicos lugares bonitos do Brasil, também é vicio de alguns. Elogiar a boa terra tudo bem, vá lá; mas me poupem. Outros hábitos desses companheiros é falar em champanhe francês, caviar, Luciano Pavarotti, Roberto Menescal; pra quem conhece churrasco, futebol, praia e cerveja, e Vila Lobos, Tom Jobim, Carlos Gomes são apenas nomes de Ruas e Avenidas.
Tudo isso, aliado à falta de criatividade, levam o publico à adquirir gostos menos refinados. O que é uma pena. Como seria bom ouvir na boca das crianças "Agora eu era herói e meu cavalo só falava inglês", em vez de "O pinto de meu pai, fugiu com a galinha da vizinha". Notaram a diferença? Os grandes artistas deveriam usar seu talento para elaboração de grandes festivais, ir aos rincões do Brasil e mostrar seus trabalhos. Familiarizar-se com o feijão e arroz; largar essa onda de Uísque Francês com Brioches. Combater musicalmente seus concorrentes populares. Depois de Conceição, o maravilhoso Cauby Peixoto só é conhecido pela extravagància de suas roupas. O que pensa um cidadão de salário mínimo quando descobrir o preço de um daqueles blazers? Horrores.
Aliando aos defeitos mencionados acima, tanto populares quanto requintados, tem essa mania de mostrar o que tem. Carro de luxo, namorada loira, cobertura em Copacabana ou Tijuca, casa de praia no Farol, etc. Além de aparecer em entregas de prêmios, badalações, nossos colegas deveriam sair de suas escaramuças e lutarem novamente pelo Brasil, com seus enormes talentos. Senão vão virar nome de rua, museu, selo, monumento, etc. Alguém liga pra isso? Qual a diferença da Rua se Chamar Antonio Carlos Jobim ou Alicio Pinto? Ainda posso me aliar a Nana e dizer que o paradoxo está correto e é oportuno. A cultura precisa avançar, mas é necessário fazer um trabalho de aproximação com o grande público como se fazia, e valorizar os profissionais que aqui estão. É muito comum ouvir da boca de músicos brasileiros este disco foi mixado em Nova York. Uma falta de atenção e carinho com os bons profissionais e estúdios de gravação brasileiros. E cá pra nós, ver as dançarinas do tcham em performance é bem mais interessante do que José Augusto difamando Ratos do Porão em rede nacional, não é?
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