Quem leu ou viu em filme a vida de São Francisco de Assis, deve recordar-se de uma das passagens quando o santo estava reunido com seus companheiros ao final de um dia de trabalho, entristecido pela situação, mas sem queixas e com esperanças na Divina Providência, certo que a mesma lhe mandaria o alimento daquele dia. Quando de repente surge na estrada um sujeito de finos traços que, vendo aquele pessoal maltrapilho, oferta a eles um cordeiro. O grupo pega com vigor e agradece ao estranho por tal gesto de bondade.
Imediatamente um dos homens do grupo acendeu uma majestosa fogueira, pois afinal, depois de tantos dias de fome, finalmente teriam carne, e carne de primeira. Na hora de imolar a vítima, lá foi o professor do grupo. Pegou a faca afiada que guardava em sua bainha e partira com o cordeiro para um local afastado. Lá chegando, ergueu a adaga, mas olhando para os olhos do pobre animal sentiu pena. Retornou com o cordeiro para o meio do grupo dizendo-se incapaz de matá-lo. Ergue-se então o mais forte de todos, agarrou o cordeiro, apanhou o machado, levantou seu braço para deferir o golpe fatal. Antes porém olhou para os integrante do grupo e viu nos olhos de todos a desaprovação por tal gesto de brutalidade. Baixou o animal e pediu a Francisco se devia mata-lo. Francisco sorrindo disse: "Faça a sua vontade. Se tens vontade de matá-lo, mata-o e todos entenderemos que estas faminto. Mas se sentir vontade de soltá-lo, solte-o e todos compreenderemos que teve piedade de seu algoz, mesmo com tanta fome". E o homem desamarrou o animal e deixou o mesmo livre. Todo o grupo se pós a rir, aliviado, com um vazio imenso no estómago mas com a alma plena. Esta narrativa demonstrou que mesmo no meio de tantos lobos famintos, um frágil cordeirinho conseguiu encontrar abrigo.
Lembrei-me desta narrativa, como poderia mencionar tantas outras em nosso tempo e trago-a para hoje onde encontramos tantos FRANCISCOS lutando com alegria pelo pão. Rindo da sorte ingrata e tendo em cada dia um momento mágico de poder sentir a plenitude e as belezas da vida.
A forma como olhamos é que faz a diferença. Olhar para uma rosa pode ser delirante, ou desalentador. Dependendo da posição que a visualizamos: se para a flor ou para o espinho. Mas qual visão nos da mais alegria? A da flor, naturalmente.
Seria então simples sentirmos que no meio de tantos aproveitadores, mal feitores, corruptos de toda a ordem; Betinho, Chico Xavier e outros tantos anónimos, que suam a camisa com alegria mostrando o seu grande contentamento com a vida humilde que enfrentam e com as dores da labuta, demonstrando que serão sempre vencedores, mesmos com o estómago cheio de esperança.