Fale das Mulheres
Terezada da Praia
O meu amigo fez um lindo poema,
mas do meu coração se esqueceu,
Não sei se foi porque tirei o diadema
que num domingo destes ele me deu.
Fale da paulista,
Que eu falo da São João,
Avenida onde um dia rasguei meu coração.
Mas não fiz cena de sangue num bar, não.
Pode falar da paulista, eu não me grilo.
Mas fala também da baiana,
Da pernambucana e da carioca, ô meu !
Fale disto e também daquilo.
Fale... Fale de toda mulher,
Mas me dá uma colher
de chá, de café, de veneno
uma colher do que você quiser
Só não me esqueça num canto qualquer.
Relegada a um espaço pequeno.
Fale da mulher honesta,
da pura, com cara funesta,
Fale da vigarista e da bandida,
Pois todas elas estão aí, pela vida.
Fale da imaculada, de cara lavada,
Fale da impura, que pulou o muro...
Fale da branca, da loura, da negra e da morena
Fale daquela de quem você tem pena.
Fale da mulher urbana, da suburbana
Da camponesa, da proletária, sem riqueza.
Fale da mulher que virou a mesa...
Saiu por ai, vestindo um casaco marrom
Passou naquele bar da Avenida São João,
Tomou chop e comeu um quilo de bombom,
E quis arranhar seu coração ateu.
Fale de todas as mulheres,
Fale dos seus quereres, sim...
Pois de alguma forma, estará falando de mim.
Pois todas elas em mim habitam, enfim
Fale da mulher que descreu...
Sumiu no breu..
Morreu...
Adeus...
Tereza da Praia
Série: Vaidação da Alma Indecente |