OCRE
Elane Tomich
Ocre é a cor da saudade
de quem está indo embora,
levantando em trilha estreita,
névoa de pó, portadora
de adeuses e desalentos.
Quem vai atrás de proventos
deixa pra trás quem espreita
cortina, que cai e encerra,
em nuvem do pó da terra
Ocre é a cor da saudade
quebra de meridianos
pra não se ver dor alguma,
de quem, no cotidiano,
vai se perdendo na bruma
como quem busca um oráculo,
na última cor do espetáculo,
no dizer, prece nenhuma,
de todos nós, figurantes
veteranos-estreantes,
desta peça intitulada:
“Ode à Civilidade”
Ocre é a cor da saudade.
Entre nascimento e morte
dos homens, subtraídos,
a seguir o mesmo norte
fazendo-se como serpente
trilho de trem comprido,
rastejo, unidade de gente
que por algum defluente
tranca-se em peito partido.
Ocre é a cor da saudade.
ligando em anéis as serras,
vulto vagando em trilhas,
esperas, ansiedades
cio e suspiros da terra,
por quem vai, sabe-se onde,
em porta de pó que encerra,
nos resquícios da lembrança,
quem vai, ficando criança.
Ocre é a cor da saudade.
E por falar em saudade,
sua liga, imparidade,
artifício, sociedade.;
seus cantos, diversidade
seu jogo, casualidade.;
meta , saciedade...
...de nome, humanidade!
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