Sempre ao acordar, toda manhã,
És tu que me assomas à lembrança,
A saudade, como me ferisse à lança,
Entorpece-me a alma, dantes sã...
Não que tenha eu a esperança
De explicar o amor (tentativa vã),
E nem sentido teria tal afã,
Inda que tivera a confiança
Plena em conhecer a alma humana,
Pois é certo não podermos definir
Aquilo de que se ocupa o coração...
Por isso, musa, limito-me, então,
Ao doce privilégio de sentir
A paixão que em mim é soberana.
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