Queridos leitor e leitora:
A inspiração para esse poema veio de cinco partos normais que eu assisti,
com parteira e tudo. Assisti, no sentido de ajudar.
Eu segurava a mão da Lili, suava com ela, gemia com ela e,
no meio daquela sangüeira, quando o nenem nascia,
a gente se abraçava, chorando. Todos os cinco foram assim.
Pretendo fazer do PEQUENA HISTÓRIA DE UM GRANDE AMOR em Divinópolis,
outro em BH e outro em São Paulo. Viu que chique?
Pode ir juntando o dinheiro para comprar um.
É claro que um livro dessa qualidade só pode ser caro.
Será no mínimo dez reais.
Toninho
O GRANDE AMOR
Antônio Esteves de Faria
A gente sempre ama
Aquele ou aquilo que dá prazer.
Mas esta mulher é diferente,
Ela ama diferente.
Sente dores, torções lá dentro de seu ventre,
Sente enjôos, sente que um ser existe dentro dela,
E lhe rouba cada dia, um pouco dela mesma.
Não são dias, mas, durante nove meses,
Ela sente que seu fardo é cada vez maior,
Mais pesado, mais inconstante, mais difícil de levar.
Mas ela ama, ama e continua a amar,
A um ser que a maltrata,
A um ser que ela mesma nem conhece.
E um dia, a dor é bem maior,
E o amor também é bem maior!
Ela se esforça, esgota todo o seu sangue
Acabam-se quase de todo as suas força,
E, no auge, no extremo de entrega total,
Numa ginástica toda exagerada de tudo que é seu,
Entre sangue, suor e lágrimas,
Chora a criancinha!
E a mulher que sofreu as dores,
Que sentiu desespero,
Que teve desânimos,
Aquela mulher, pálida, frouxa,
Quase sem poder abrir os olhos,
Ainda vasculha o íntimo de seu ser
E encontra forças para balbuciar:
Meu fi-lho, eu que-ro ver meu fi-lho.
E, não apenas o vê,
Mas abraça-o, beija-o, sorri e dorme!
Daí por diante, muda o cenário,
Muda a cena, mas é o mesmo espetáculo:
Amor em troca de..., em troca de que?
Nem mesmo sorrir sabe a criança!
São choros, doenças, são dúvidas:
É o ouvido que dói, não, é a barriguinha,
É uma fralda que precisa ser trocada,
Uma noite que passa sem dormir .
O filho cresce, já agora sorri,
Mas muito mais ele adoece e chora,
Derruba as coisas do armário,
Arranca os puxadores dos móveis,
cai, e esfola o nariz,
E morde o irmãozinho.
Não come,
Precisa tomar remédio,
Comida especial, tudo especial!
A esse tempo, às vezes,
Outra semente começa a crescer,
No ventre daquela criatura.
E agora? Terá que dividir o seu amor?
Não. Não sei onde, ela arranja
Outro tanto daquele mesmo amor,
Do mesmo jeito, da mesma natureza.;
Ela sabe que serão mais daquelas mesmas dores,
Mas, não apenas ela sabe: ela sente, aceita, oferece e ama.
Por que será que esta mulher é assim?
Sempre amando, amando,
Apesar de todos os pesares!
Amou o filho, sem o conhecer,
Amou-o criancinha,
Amou-o molequinho de sete anos, na escola,
Amou-o jovem, enamorado,
Amou-o nos erros e passos em falso,
Entregou-o de graça a outra mulher.;
E, já adulto, depois de casado,
Quando ainda lhe traz alguns trabalhos,
A mãe ainda ama aquele filho seu,
Que seu nem mesmo não é mais.
Por quê? Por que será que esta mulher é assim?
Será mesmo que é somente uma mulher?
Não. É muito mais,
É deusa, é Mãe!
Tem em seu peito, aquela mesma seiva,
Que o próprio Deus tem no peito Seu.;
Traz em seu seio, aquele mesmo ideal eterno:
AMAR, AMAR,AMAR ATÉ O FIM.
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