EPÍSTOLA 2
A quinta-feira veio com muita chuva.
Estávamos na sala ritual - para criar clima denominamos a sala de PAULO, O MAGRO - e dessa forma iniciamos o nosso trabalho cerimonial.
Era a primeira sessão. Lá estavam Leandra DeMarchi, amparando roupas de peregrinos que pretendiam correr sem direção alguma; Getúlio Cardozo, carregando um aipo;Simone Goulart, chefe de cerimonial, responsável pelo aroma de sândalos e alecrim do local; Isaías Torres, com uma dúzia de gigabaites pendurados no pescoço; Rose Tomé, sacerdotisa dançarina, efetuando complicados passos de ir e vir; Josué Torres, cantarolando o hino magno da nossa obra mística; a curiosa Thábata Brasil, guerreira do Jardim do Éden e representante de hécates e lâmias; Sergio Spina, desenrolando uma série de pergaminhos proibidos na cidade; Joyce Gomes Dias, observadora e conselheira para uma das pontas do triângulo (a externa); Túlio Nunes, sumo sacerdote da região de Rivero Nero, ao lado de uma ameba domesticada; Cecilia Bacci Espectral Azul, trazendo todo o seu conhecimento de Wicca; Guilherme Giordano, também conhecido como Guilherme d´Orange ou Guillaume de Mauchaut, dependendo da época; e eu, é claro, Outro Coelho, quem lhes escreve. Como havia muita neblina por causa do incenso eu nem sei mais quem estava por lá, mas tinha uma penca.
Foi necessário citar a todos os magníficos daquele momento pois o registro deve ficar completo, antes que eu perca a memória.
Implantávamos ali o germe da Suprema Igreja do Triângulo de Quatro Pontas.
Dali sairia o escolhido. Aquele que se tornaria o peregrino para a grande caminhada.
Dali sairia também o coletor de dízimos.
Os cargos foram disputados a tapa.