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Poesias-->Caminho estreito -- 16/06/2004 - 20:37 (Clodoaldo Turcato) |
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E a criança chorava com fome
Então os pais ofertaram o circo
Uma bela apresentação saltimbanca
Ornada com palhaços e malabaristas
Vários bichos, cortocionistas e música
O bebê entreteu-se por instantes
E por mais que houvesse esforço de todos
Tornou a chorar
Então fizeram o jogo
Uma partida completa
Com bolas, campos, metas e uniformes
Teve apitos, xingamentos e gols
O bebê sorriu por algum tempo
Mas, por mais que jogassem bem
Tornou a chorar
Então ofereceram a esperança
Um mundo a parte, cheio de sonhos
Onde a fome não existia
O choro era alegre e a vida eterna
Todos se punham a ouvir liras comendo uvas
Grandes cachos, sempre maduros
Falaram das promessas todas
O bebê acreditou por instantes
E por mais entusiastas que fossem
Aumentou mais o pranto
Sem jeito, prometeram o trabalho
Com seus sacrifícios todos
Ônibus cheio, comida fria
Os desmandos e a carga horária
A falta de tempo e o salário baixo
Estenderam o acordar cedo e a creche
Não haveria tanta música, tanto jogo
O tempo seria menor para o trato
Nada de fantasmas e planos
_ Apresentaram a realidade
Até com vergonha da labuta
A mão jurou, que mais tarde...
Imediatamente, viria o supletivo
Mesmo com todo constrangimento
O bebê aquietou-se
Um brilho surgiu em sua face
Afinal, agora sim viria o leite
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