CAPELA
Elane Tomich
Dar-te-ei um coração
nem de pedra nem de terra.
Será elemento novo
matéria que dança e sente
o que a razão descontente
arruma na mente e mente.
Terá cadência e também
o hábito da contorção
quando houver distorção
da paz ferida de guerra.
Tu, num amor de repente
reconhecerás o teu povo,
em almas vestidas de gente.
Então serás multidão
o outro, tua verdade
como tu, como ninguém
todos serão coração.
Serás meu nicho e na serra,
a delicadeza terá sua capela.
Em areia e gravarei
amor desregulado em lei.
Em toadas, por exemplo,
as vozes da humanidade
cantarão, num jeito urgente,
por tantas dores iguais
por tantos desejos mais
em tantos céus diferentes,
orações, em corpos quentes,
num todo solo em capela
Cada qual será mais bela
no exercício da carícia
desenharemos estrelas.
Caverna em luz de arandelas
cada som será uníssono,
num todo ecoando em capela.
Rasga o ar, paz em milícia,
e o amor, sem papel carbono.
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