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Contos-->O Soldado e a Beleza -- 27/09/2003 - 18:08 (Marcelino Rodriguez) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
O SOLDADO E A BELEZA

Javier era um jovem tímido e atrapalhado ha uma década atrás, quando conheceu Silvia, que era uma jovem cheia de fulgor, com sua pele clara, seu corpo esbelto e sua personalidade sensível e determinada.
Sempre estremecia ao ve-la, mas não sabia o que fazer e temia revelar-se; ve-la era sempre uma ocasiao em que ele ficava feliz, tremulo e mudo. Naquela epoca sua vocaçao literaria já estava em curso, mas so´ fazia poesia. Um dia tomou coragem entregou-lhe um poema, mas não disse uma palavra. Certa vez pediu ajuda a uma cartomante que lhe disse: “olha e´uma bela jovem, com personalidade forte e dominadora. Procure se fortalecer primeiro, porque você e´ muito sensível e tem muitas pedras pra pisar ainda. Aprecie a beleza e confie na vida”.
O tempo passou, Javier escreveu vários livros, meteu-se em politica internacional, casou por fatalidade, descasou, abriu empresa e faliu, e como todo escritor parece sofrer a sina de singrar outros mares, preparava desesperadamente seus últimos cartuchos. Sem mulher, com poucos amigos e poucos recursos, com uma certa popularidade inútil e traiçoeira, que o tornava uma espécie de celebridade sem celebração, Javier entrou na livraria não para ler literatura, mas o horóscopo. Aquela velha história de acreditar ou não nas bruxas, mas não duvidar de todo. Afinal, para livrar-se de suas encrencas, so´mesmo forças extras que, nesse momento, pouco lhe importaria se viessem de Deus ou do diabo. A necessidade faz o partido e a religião.
Mexia no livro de astrologia, quando percebeu uma presença feminina por perto; olhou aquele rosto de uma mulher de seus trinta anos que se cuida, aqueles cabelos castanhos e não reconheceu a principio pelo rosto, mas por aquela estranha sensaçao de sentir uma energia forte. Em alguns segundos, reconheceu. Era Silvia.
Lembraram-se um do outro quase ao mesmo tempo.
— Javier.!
— Silvia!
Naquele momento pós casamento, de partida para o exílio, Javier sorriu para dentro. Muita ironia do acaso por aquela mulher que sempre o emocionara exatamente no momento mais tempestuoso de sua vida atribulada. Olhou o rosto, os dentes, o corpo e pensou “ela esta´ainda mais linda”.
Tomaram um cha´e Javier procurou descontrair-se, aproveitar aquela companhia por uns momentos. Ela disse que tinha ate´hoje o poema guardado. Ele não falou nada, inclusive não sabia mais se acreditava em poesia; tornara-se marxista em termos econômicos, porque espiritualmente continuava Espanhol. E isso o tornava um devoto eterno da Virgem Maria e de todos os santos, alem de consultar horóscopos, apesar de que não exitaria em momento algum de ir a guerra, se fosse preciso. Estranho tipo.
Silvia falou de suas realizações e Javier ficou feliz por ela. Sentia que ela tinha merecimento.
O que Javier não disse e´ que ele ainda não era ele, como ainda não era ele há´uma década atrás. Silvia não, sempre fora.
Javier nunca chegou a ser, embora houvesse feito algumas coisas notáveis em algumas batalhas da vida, mas nesse momento perdera a guerra. Era um soldado ferido e desarmado.
Partia para o exílio derrotado, mas levaria para sempre aquele belo rosto de Silvia e o consolo de saber que ela venceu. Cultivaria em segredo suas fantasias, seus sonhos vagos, a lembrança daquela beleza que ele sabia que nem o tempo a faria perder. Silvia era a beleza.
Javier era apenas um soldado, um combatente cansado das causas perdidas, das terras perdidas, dos sonhos perdidos.

27/09/2003

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