Usina de Letras
Usina de Letras
145 usuários online

Autor Titulo Nos textos

 

Artigos ( 62214 )

Cartas ( 21334)

Contos (13260)

Cordel (10450)

Cronicas (22535)

Discursos (3238)

Ensaios - (10356)

Erótico (13569)

Frases (50607)

Humor (20029)

Infantil (5429)

Infanto Juvenil (4764)

Letras de Música (5465)

Peça de Teatro (1376)

Poesias (140798)

Redação (3303)

Roteiro de Filme ou Novela (1062)

Teses / Monologos (2435)

Textos Jurídicos (1960)

Textos Religiosos/Sermões (6185)

LEGENDAS

( * )- Texto com Registro de Direito Autoral )

( ! )- Texto com Comentários

 

Nota Legal

Fale Conosco

 



Aguarde carregando ...
Cronicas-->Eu fico com a totó -- 07/03/2003 - 12:52 (BRUNO CALIL FONSECA) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
Eu fico com a totó
"Como nos Estados Unidos,
o divórcio já provoca a disputa
pela custódia de animais."

Juvenal acordou cedo. Naquele dia tinha um compromisso decisivo em sua vida. Mais tarde, lá pelas nove e meia, tinha um encontro marcado com Maria Rosa, a ex-mulher, no escritório do advogado de família. Apesar de ser assunto de separação, já estavam concordados, sem maiores discussões, sobre a partilha dos bens comuns. Casaram há vinte anos, a luta fora dura para ambos, portanto, não havia motivos para picuinhas, para mesquinharias vis por causa de pouco mais de meia dúzia de itens que compunham a declaração de bens. Estava tudo ali, claro e transparente. Os dois eram assalariados, tudo era tributado na fonte e não tinham contas fantasmas.
Detalhes importantes: o casal tinha quatro filhos. Todos já criados, com formação universitária e muito bem empregados. Ah! Merece dizer o que eu acho o mais importante deles. Como se sabe não é coisa que acontece todo dia no Brasil da pobreza e de meu Deus. Dos quatro filhos, o mais novo era adotado. Viera do orfanato, foi criado sem trauma e tinha um amor pelos pais adotivos mais nutrido do que os filhos legítimos. Em síntese, não havia motivos para que a partilha fosse amigável.
Juvenal estava ansioso. Faltavam duas horas para o encontro marcado. Para passar o tempo, pegou o jornal do dia. Deu uma olhadela nas manchetes, olhou a segunda, a terceira, a última página. Nenhum fato novo marcante. A cidade, aparentemente, esta calma; os vereadores na càmara a discutir projetos eleitoreiros, a questão insanável das Peruas (Vans), a duplicação da BR-050; a sucessão presidencial; a criminalidade abafada, enfim, "as mesmas coisas do nosso Brasil".
Ficou desolado, triste, aliás, ensaiava ficar triste para representar compaixão: Ah, meu Deus! Não deixo por nada a minha viuva negra (viuva negra era a sua Cheroki). Abro mão de tudo, menos da totó (totó era o cãozinho de estimação).
Conforme o combinado, às 9h, Juvenal e Maria Rosa sentaram de frente ao Dr. Resildo:
- A casa do Guarujá?
- Fica com Maria - disse Juvenal - como se não tive o menor apego com coisas materiais, sem denotar a menor falsidade.
- O lote no Santa Mónica?
Maria dissimulou a satisfação. Apressada, disse:
- Fica com o Juvenal.
- Ações preferencias da Teleson?
- Bota na relação da Maria.
- A casa em que moravam? (Casa antiga, com cheiro de mofo, pedido reforma, mas de grande valor sentimental.)
- As ações eu não esperava do Juvenal. Nesse caso, sem discussões, eu abro mão da casa que foi a nossa comunhão.
Juvenal esboçou um sorriso. Havia pressentido que haveria um bom desfecho. Ah! Para ele, naturalmente.
Lembra-se? Não era muita coisa a partilhar. Daí para frente era só quinquilharias que as pessoas gostam de colocar na declaração do imposto de renda só para impressionar: ações de telefone, de clubes, pequenos pecúlios, pequenas jóias, não falsas, mas de qualidade duvidosa para os mercadores.
Dr. Resildo:
- Muito bem! Não terão maiores problemas frente ao juiz, mas e a totó, quem fica com a totó?
- Eu! Gritou primeiro o Juvenal.
- Não, não e não! A custódia da totó é minha.
Estava armada a confusão. Maria gostava apaixonadamente da totó. O caso foi parar na vara de família. Juvenal chorou, chorou, mas não convenceu o juiz. A totó é da Maria Rosa, foi a sentença. Maria havia apresentado laudo de uma psicóloga canina filiada à Associação Americana National Dog Trainers que atestava que os cães sofrem nas separações. Longe dela, totó poderia ter disfunções psíquicas, ficar louca, sofrer depressão, fobias e automutilação. Para contemporizar, Dr. Resildo propós acordo:
- Tudo bem! Alguém tem que abri mão de alguma coisa para compensar a totó.
Maria falou primeiro:
- Abro mão das ações do Praia, do Caça e Pesca e do Cajubá.
Juvenal exclamou uma única palavrinha, porém muito enfático:
- Não!
- Das ações da Teleson!
- Não, não, não, não e - n a o til - soletrou Juvenal, não quero.
Maria ficou perturbada. Perguntou para si: "Juvenal não quer as ações da Teleson, será por que?" Ah! Mal sabia Maria que as ações foram adquiridas na alta e que haviam sofrido deságio.
- Da casa do Guarujá então?
- Hum! Deixe-me pensar... A casa mais o lote!
- O lote também não, só dá casa!
- Tá bom, concordo.
Selaram o acordo frente ao juiz. Juvenal olhou para Maria, despediu-se de todos, deu um beijo na totó e saiu.
Na primeira casa de animais, comprou outra poodles, deu-lhe o nome de Laika, em seguida comprou uma passagem da TAM e voou para o Guarujá. Na casa de praia, Numa Oliver o esperava ansiosa para conhecer Laika. Era o seu primeiro presente de casamento.

A IMAGEM DO ADVOGADO

CONTOS E Cronicas

CONTOS E ESTÓRIAS AVE DA PAZ

PROVÉRBIOS MUNDIAIS

VEJA UMA BOA REDAÇÃO

QUE LINDO MONOLOGO

CONHEÇA O AUTOR
Comentarios
O que você achou deste texto?     Nome:     Mail:    
Comente: 
Renove sua assinatura para ver os contadores de acesso - Clique Aqui