LUA TRISTE
Lílian Maial
Solitária lua triste
No esplendor, em seu afã,
Do estar cheia de ontem,
Sabe-se minguante amanhã.
Ainda és redonda, esbelta,
Plena de luz, de vida e graça,
Mas teu brilho já amarela,
Escondido na nuvem que passa.
Bela lua veterana,
Não lamentes teu lume brando,
Pois a vida te fez cigana,
Itinerante personagem do meu canto.
A cada dia que passa
Tuas formas vão minguando
Como pálpebra pesada,
Cerrando, caindo de sono.
Encobre-te o véu de nuvens negras, transparentes,
Como o pudor de senhoras no confessionário,
Mas teu brilho único, elegante, pungente,
Faz morrer de amor o sol em poente diário.
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