Reluta o coração em suportar a espera
De estar contigo e deixa em meu peito
A sensação incômoda de que um jeito
Não existe de, tal como eu quisera,
Abreviar
Esse passar do tempo, por demais lento,
Que este teu poeta aflige, martiriza,
Minha inquieta alma como que agoniza,
Indefesa vítima de tanto sofrimento,
Confusa...
A dizer, em tantos versos quantos eu produza,
Da dor lancinante que advém dessa saudade,
Pérfida, incessante, que o meu ser invade,
Toda vez que a cruel distância, minha musa,
Castiga,
Inexorável, meu coração que tanto amor abriga,
Num sofrer sem fim, o mais perfeito retrato
Da amargura, que, sem dó nem tato,
Mostra-se, dentre todas, a maior inimiga
Da paixão,
Impondo-me essa tristeza, a ser a mor razão
Do mais profundo e difícil sofrimento,
Que somente se dissipa ao chegar o momento
Em que, junto de ti, entrego-me à emoção
De te amar.
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