E como botar para fora
O que nasce dentro?
E como gerar em si
Algum outro cimento?
E como quebrar a pedra,
Mexer a massa, cavar o chão?
Trazer dos elementos inertes
A pá, ferramentas, água.
Edificar em solo pobre,
Emergir a grade da fortaleza.
Difícil encontrar a chave
Que abre a carne, serra a cabeça.
Não quis beijar a Dona,
A Senhora escrava da consciência.
Não vi o vulto azul
Que furou os olhos da tua beleza.
Mas, belo é impossível!
Não vazar do céu nenhuma estrela,
Que caísse em minhas mãos,
Que tivesse uma ponta de certeza.
Caindo, queimou as palmas
Dos aplausos inúteis
A uma sílfide caveira.
E como botar para fora
O que nasce dentro?
O que sai aparece torto,
Imprensado na grade comprida.
O que fala num rouco mudo
Anula os sentidos.
O que está dentro é de dentro.
O que é de fora é braço,
Olho, nariz e ouvido.
Alisson Castro.
*TODOS OS DIREITOS RESERVADOS*
|