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Cordel-->GALOPE À SAUDADE DE LUGUGERO -- 25/05/2006 - 23:08 (LUIZ CARLOS LEMOS) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
Galope à Saudade de Ludugero

Autor: Luiz Carlos Lemos


Senhor da Poesia, eu venho pedir:
Não falte memória pra minha missão.
Chegou o tempo certo e eu tenho a intenção
De lembrar, de falar sem um nada omitir.
Em viagem de volta, pretendo partir
Distantes registros eu vou resgatar
Buscar, junto ao povo, um novo enxergar
Lançar, no presente, um passado distante
Brindar a quem gosta... e voltar radiante
Cantando galope, na beira do mar!

Houve, pois, no Nordeste, um bom brasileiro
Tão nobre, tão simples, tão povo e tão gente
Que se transformou, e não foi de repente,
Em símbolo vivo do mote brejeiro.
Artista, humorista, sagaz tarefeiro
Sem nunca, na lida, sequer descansar.
O tempo era curto, sentia no ar
E a si, todo dia, dizia “eu quero!”.
Por isto é preciso lembrar Ludugero,
Cantando galope, na beira do mar.

Brasil de mil tipos, tão fortes, reais,
Que, frutos do povo, jamais passarão.
Nordeste, Sudeste, no Centro, Sertão,
No Sul ou no Norte, nos Campos Gerais
O tempo não passa, não se perdem mais
Tais tipos que o povo se põe a criar.
Por isso importante se faz relembrar
E nesse mister é que eu persevero.
Por isso, é importante lembrar Ludugero,
Cantando galope, na beira do mar.

Falar “Ludugero” é intimidade
A bem da verdade, ele tinha patente.
Nasceu Coronel, aos olhos da gente
Falava e fazia, com autoridade.
Sem nunca perder a simplicidade
Eterno matuto, jocoso falar,
Fazendo meu riso, às vezes, brotar,
De um modo mineiro, matreiro e sincero!
Eu quero lembrar Coroné Ludugero,
Cantando galope, na beira do mar.

E tinha, na lida, o fiel companheiro
Amigo, parceiro, o genro ideal
Um bom secretário, tranqüilo, leal,
A tudo suporta, o tempo inteiro,
E sendo tão nobre, o pobre escudeiro,
Exemplo nos passa, é bom se notar:
Humilde, não sabe o que é reclamar.
Pra ficar completo meu pobre galope
Com toda emoção, eu lembro “Aitrope”,
Cantando galope, na beira do mar.

Para o Coronel, a estrela que brilha
Que é luz, é candeia, pro seu coração
Amada esposa, sua grande afeição
A ele ensina o valor da partilha,
Sagrada missão de criar a família.
Hilária também, no seu expressar,
Cartas de amor ela sabe mandar.
Fiel sertaneja, quem sabe, morena,
Não vou me esquecer de Sinhá Filomena
Cantando galope na beira do mar.

Voltando ao passado, feliz eu já vejo
Nos olhos do povo um brilho de amor.
Quem traz alegria? Quem vence essa dor?
É o “causo” alegre do bom sertanejo.
Lembrar Ludugero, meu grande desejo!
Um bom brasileiro, vou valorizar.
Poeta que sou, eu preciso mostrar
Seu riso, seu charme, seu jeito mateiro
Meu bom Coronel, te lembro fagueiro
Cantando galope na beira do mar.

Mas para dar vida ao bom Coronel
Um ator dos melhores se apresentou
E Luiz Jacinto foi quem emprestou
Humor e talento a esse papel.
Uma obra de arte, com tinta e pincel
Não é tão perfeita, e nem vai ficar
Na alma do povo e se perpetuar.
Luiz Jacinto, talento e coragem
Receba também a nossa homenagem,
Cantando galope na beira do mar.

Mas surge a pergunta, e é bom que assim seja
Quem teve idéia, assim, tão genial?
Quem trouxe do nada esse cabra imortal?
Se o amigo não sabe, apois, então veja:
Um pouco da estória, da dura peleja
De seu criador, eu quero contar.
E justa homenagem pretendo prestar
A Luiz Queiroga, assim eu espero,
Bem junto com ele lembrar Ludugero
Cantando galope na beira do mar.

Foi o Recife o seu berço natal
Foi Pernambucano, esse cabra de fé
Assim como o seu genial Coroné
Jamais renegou o seu natural.
Jaaneiro de trinta, o ano em que o tal.
Chegou de cum força, chegou pra ficar
Destino traçado, nasceu pra criar.
Nascendo, chorou o seu choro berrado
E o povo, sorrindo, já achou engraçado
Cantando galope, na beira do mar.

Na sua infância já forte a vontade!
Lutou e venceu, e gostou de vencer.
Sempre observando o modo de ser
Do povo aprendia, com sagacidade.
Conheceu o sertão, morou na cidade
E ainda bem jovem, já foi procurar
Trabalho que fosse o de comunicar.
Que favorecesse a sua vocação.
Fez rádio, humorismo, fez televiso
Cantando galope na beira do mar.

Criando programas, um bom redator
De rádio-novelas, com muito talento
Trazia consigo a alma do invento,
Mas teve destaque foi mesmo no Humor.
Criou personagens com gosto, com amor.
Que o povo até hoje sabe admirar.
Quem ama essa arte, eu sei, vai lembrar
Maria Filó, e Sinhá Missegura,
Zefa Cangaceira, que bela figura,
Cantando galope, na beira do mar!

E tinha também o dom musical
Compunha, cantava e o povo gostou
Até Gonzagão eu sei, já gravou
Canções desse gênio, sucesso total.
Se há quem não goste, não me leve a mal
Mas música boa é a mais popular
O povo aprende, começa a cantar.
Sorri satisfeito, o compositor
Pois vê, no seu povo, respeito e amor
Cantando galope na beira do mar!

Porém muito antes de chegar à fama
Encontra o amor, total, verdadeiro.
Torna-se, pois o fiel companheiro
Casando-se, com a gentil Mêves Gama
Cantora do Rádio, e o Rádio proclama:
“O sucesso pertence a quem trabalhar”.
E os dois, sempre juntos, um só caminhar
Formaram família, traçaram destino
Me lembro do dia, o dobrar do sino,
Cantando galope, na beira do mar.

Entaretanto, o Destino, cruel mensageiro
Um dia põe fim a essa bela ascensão:
Um súbito enfarto, adeus coração
Falece Queiroga, um bom brasileiro.
Aos quarenta e oito, tão moço e fagueiro
Na praia de Olinda, seu canto, seu lar
E ano após ano, só faço lembrar
De quinze de maio de setenta e oito.
Eu vejo Queiroga, subindo, afoito,
Cantando galope na beira do mar.

Então, concluíndo essa curta história
De trabalho e glória de um brasileiro
Eu só peço a Deus que meu verso rasteiro
Venha conseguir, no final, a vitória.
Contar aos mais novos a saga notória
Que por muito tempo entre nós vai ficar
Eu peço aos jovens pra sempre lembrar
De Luiz Queiroga e de seu Coroné.
Que tinham na arte um caminho de fé,
Cantando galope na beira do mar.

A Deus agradeço e a Nossa Senhora
A luz e a paz, pra cumprir a missão
Sou mero instrumento, e a Inspiração
Me vem lá do Alto e, com Deus, não demora.
Porém um desejo me vem, nessa hora
E este trabalho eu vou dedicar
Mêvinha Queiroga, a filha exemplar.
Mêvinha, receba meus versos, que espero
Louvaram seu pai e também Ludugero,
Cantando galope na beira do mar.
***********************************

Dedicatória


Fiz este "Galope à Beira Mar" em homenagem ao inesquecível Coronel Ludugero, interpretado pelo talento de Luiz Jacinto da Silva e, principalmente, ao seu genial criador, o humorista Luiz Queiroga.

Quem, dentre nós, não teve a infância ou a juventude coloridas pelo humor simples e extremamente criativo do Coronel Ludugero?

Luiz Queiroga faleceu em 15 de maio de 1.978 deixando sete filhos.

Dentre eles, a cantora e escritora Mêvinha Queiroga, que está lançando este mês o livro “O Humilde Imenso”, onde conta toda a trajetória de seu saudoso pai..


A Mêvinha Queiroga e a seus irmãos, com carinho e respeito, dedico este trabalho.




Juiz de Fora – MG – 03 de maio de 2.006
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