Soneto da Lerdeza.
Por seres o que fostes, passarinho,
Tu conquistaste o meu carinho,
Por pareceres uma pessoa generosa,
De uma alma quase cor de rosa.
Por ter te encontrado no escaninho,
Parecendo ser alguém muito sozinho,
Que tinha bela poesia e doce prosa
Dei-te meu coração, coisa maravilhosa.
Tu, porém, te fizestes prisioneiro,
Numa gaiola de brilho, adivinho.
Não cantas com teu encanto primeiro.
Perdestes a generosidade, cavalheiro.
Teu falar afigura-se me mesquinho.
Não mereces mais o meu carinho.
Tereza da Praia
Série: Ponto de fuga.
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