CORAÇÃO CRIANÇA
Meu coração não se cansa de ter esperança.
E no homem acreditar, que coração criança,
Criou até um sistema de cotas, uma aliança.
Para democratizar o acesso à minha dança.
Agora em todo vagão, do meu coração criança
Tem cota de vinte por cento para os afro-decentes,
Outros vinte por cento para os portugueses contentes,
E vinte por cento para o índio em sua andança.
Vinte por cento, por questão de isonomia,
Dividi-os entre judeus, árabes e palestinos.
Primos entre si, merecem divisão cristalina.
Neste vagão cardíaco não há lugar pra descortesia.
Perguntar-me-ão pelos outros vinte pro cento.
Dir-lhes-ei: “É território ocupado”, monumento.
Campo de refugiados, vindos dos quatro ventos.
De qualquer direção, qualquer credo e pensamento.
Você quer empreender viagem, neste trem, neste barco.
Um marco. Uma viagem de amor, em busca do bem.
A liberdade e a fraternidade serão a flecha e o nosso arco.
Descanse em mim seu feixe de desencanto, saia do charco.
Piui!!!!Piui!!! piui !!! piui !!! piui !!! piui!!!
Café com pão, café com pão, café-com-pão!
Apresse-se a entrar no cardíaco vagão
Pois estou na prateleira, mas não em liquidação.
Tereza da Praia
Série: vadiação da alma indecente
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