A escuridão das queimadas
Assola a quente manhã
Como um suplício eminente
Incinerando a esperança
Na noite as ágeis chamas
Espantam, queimam e dormem
Os desesperados seres...
Insetos, bichos e homens
Cada vez mais presas fáceis
Da busca por capital
Palavras já não dizem nada
Ante o ronco dos motores
Solapando, serrando, arando,
O manto verde impotente,
Turvando rios e lagos
A ânsia desgovernada
Buscando matéria-prima
Transforma homem em produto
Natureza em substância
Na frente vai apitando
O trem do capitalismo
Desgovernado e sem freio
Nos levando para o fundo,
Do fundo mais fundo do abismo
Nos resta gritar chorando
Como boi no brete de abate
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