Manuela, foi sem dúvida alguma a minha primeira louca paixão, esplêndida de enlevo e ao tempo indizível por palavras. Meu coração fremia emotivas labaredas quando entre nós se produzia o encontro.
Eu tinha quinze anos e ela vinte e um. Hoje sei que ela me tomava como um mero objecto de entretenimento, espécie de "pirilau" sempre erecto de que se servia como lhe dava na veneta.
Meus pais, logo que se aperceberam do "perigo" da ligação cortaram-me imediatamente as rédeas. Afastaram-me do Porto e colocaram-me à guarda de uma tia materna em Mindelo.
A figura com que ilustro este texto tem algo a ver com a inesquecível Manuela. Também ela tinha idêntico jeito quando colocava as mãos na cabeça. Era assim loira e atraente, nariz e olhar bem colocados.
Ao cabo de tantos anos, se penso nela e fecho os olhos, logo o clamor intenso do íntimo ecoa por todos os meus poros, e subo, subo, subo sem parar, subo até à explosão...
Em 1957 a boca da Manuela era uma permanente blasfémia que percorria meu corpo. Momentos houve que me senti um pecador sem perdão possível e completamente condenado ao inferno...
Manuela Moura de Castro, neste momento e se for viva, tem 70 anos, que completou no passado dia 7 de Junho. Que será feito dela?!... Se de facto for viva tenho a certeza que é uma velhota daquelas que nunca envelhece... Santinho!