A despedida
Deixei São Paulo. Não foi sem dor, foi um até logo, desagradável.
Voltar aqui, para minhas origens, depois de renegá-las, me faz vontade de cambalear à esmo. Mas o amor nos faz enlouquecer e por Ele pratica-se destemperos, desesperados atos que a razão implode. E assim, simplesmente se faz.
A fome ensina e abranda o orgulho, mas nos faz esquecer à s pessoas verdadeiras; verdadeiras que dizem não! Melhores que as que dizem sim, com um não no coração. Infelizmente elas existem. Odioso ramo da raça humana.
Me apaixonei por Recife, o qual traí por São Paulo. Cada metro quadrado contém uma história. É como se apaixonar por duas mulheres: uma velha, outra nova; as duas lindas.
Aqui eu morro por estas faltas riquezas, colhidas a custo de vidas. É o ouro agrícola entulhando os silos de alguns. Como em tudo, a riqueza inspira o homem para o nada. Ainda bem que morremos. A morte é uma dádiva que nos livra da eternidade cruel.
Uma esperança me resta: voltar. Me envergonha retornar pra cá; usar este sistema para recomeçar minha vida. As caras estão tristes, fechadas, com raiva de minha liberdade. Mas encaro-as de frente, sem medo, para concluir meu legado.
E assim fico a espera do milagre de continuar sendo irresponsável, solto das previsões do mundo.
É fato conclusivo: não vou morrer aqui.
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