Linda-linda, linda-linda,
Dona de uma bela estola,
Contemplá-la consola,
Afagá-la mais ainda...
Chama-se Bia e por sina
Eu chamo-lhe Biusina
Às letras sempre bem vinda...
Esplêndida, imponente,
Desta lonjura tamanha,
Franca, leal, sem manha,
A mim parece-me gente,
Daquela gente benquista,
Salutar, singela à vista,
Em bem querer permanente...
A Bia é brasileira,
Vive e trabalha no Rio,
Mas tiraram-lhe o cio
Porque era namoradeira
E concitava às carradas
Baladas apaixonadas
De muita raça rafeira...
Sua dona, professora,
Tem por ela a afeição
Que nasce no coração
Florescente, promissora,
Afecto de solda-cola
E se a levasse à escola
A Bia dava em doutora...
Deixaria de ladrar,
De uivar e de ganir,
Saberia esgrimir
A arte de bem falar.
Mas, Bia, ó Bia, não,
Mais vale o ladrar de cão
Do que faceiro a palrar...
Aqui fica, amiga Bia,
Em cordel bem tecido
O reverso do sentido
Que a humanidade porfia,
Quiçá invulgar lição
Que Santo António em acção
Aos peixes discursaria.
António Torre da Guia
PS = Só lhe falta falar!... Para quê?... Para aprender a dizer amar e depois trair?!..